Que a cumplicidade das esquerdas não se esgota no apoio ao governo de António Costa demonstra-o a mobilização proposta por João Semedo e por António Arnaut para recuperar o elã no Sistema Nacional de Saúde de que o segundo foi o grande criador.
Tomando como ponto de partida o diagnóstico de oitocentos mil portugueses continuarem sem médico de família eles vêm exigir que as unidades do SNS devam ser todas geridas pelo Estado e que o direito à saúde volte a ser completamente gratuito. Sem parcerias público-privadas (PPP) e sem taxas moderadoras.
Pretendem igualmente colmatar a falta de médicos, depois de mais de três mil e quinhentos se terem reformado ou transferido para o setor privado nos anos mais recentes. Este continua apostado em expandir a sua atividade muito para além da atual, estando em curso investimentos de mais de 500 milhões de euros para que oito novos hospitais sejam inaugurados antes de 2020. Se nesta altura um terço das camas de internamento já estão localizadas no setor privado, os ideólogos do «quem quer saúde paga-a» tudo fará para que essa percentagem se torne maioritária.
Para que isso suceda têm contado com a redução constante da despesa pública em Saúde desde 2009, primeiro a pretexto das «exigências» da troika e depois sem se perceber porquê. É que não se justifica ter sido 2016 o ano com o valor mais baixo da despesa do SNS no conjunto do produto interno bruto (4,8%). Não é preciso ser um expert em economia da Saúde para perceber que assim é impossível reabilitar uma das maiores conquistas da Revolução dos Cravos e que os portugueses tanto acarinham.
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