1. Apenas vou dedicar cinco linhas ao que as televisões escolheram como um dos acontecimentos do dia: uma múmia, quanto muito expõe-se numa vitrina e coloca-se-lhe uma legenda a explicar as circunstâncias em que se enquadrou na sua época. No caso em apreço só se justifica uma explicação: o manifesto erro de casting para funções em que, mais do que incompetente, só soube causar sérios danos coletivos e individuais.
2. Que um partido tenha um troglodita como candidato em Loures e se socorra de cadáveres políticos para justificar a sua existência, diz muito sobre o estado a que chegou. Entre a incapacidade para ter a inteligência e adaptabilidade dos homo sapiens e o recurso ao horror dos zombies assim se vai afundando no pântano para onde se tem deixado arrastar pela sua lamentável liderança.
3. Parece que o governo está a perspetivar a alteração do Código do Trabalho para impedir a PT/ Meo/ Altice de prosseguir com as suas golpadas. Já se imaginam os rugidos de dor, que soarão das bocas de uns quantos comentadores, inconformados com mais uma provável reversão de quanto saudaram nos anos da troika. Lá se vai mais um esteio do corpus ideológico, que julgaram perenizar à conta dessa intervenção neocolonial.
4. A greve da Autoeuropa continua a parecer o que sugeria desde início: a tentativa dos sindicatos da CGTP em recuperarem uma influência na fábrica, que a existência de uma Comissão de Trabalhadores muito ativa nunca lhes possibilitou. Ora nenhuma luta laboral deve ficar refém das estratégias calculistas de quem trata quem trabalha como meros peões dos seus jogos mesquinhos. Sobretudo, quando o ecossistema político deve apontar para convergências em vez de estéreis dissidências.
5. Sim, o tipo que está à frente da Coreia do Norte tem tudo a apontar-se-lhe para ser considerado um pária. Mas ninguém se inquieta pelo facto de, desde 21 de agosto até ao último dia deste mês, os norte-americanos andarem em exercícios militares na região em conjugação com os sul-coreanos? Queriam que Pyongyang ficasse impassível perante tão óbvia provocação? E que dizer dos nossos «jornalistas», que tanto enfatizaram o apoio da China à condenação unânime do Conselho de Segurança da ONU, mas quase passaram como cão por vinha vindimada quanto ao facto de não terem sido debatidas, nem aprovadas novas sanções?
6. Não nos devemos congratular com as cheias terríveis, que vêm assolando o Texas e a cidade de Huston em particular, mas Trump pode ver-se acrescidamente posto em causa por fenómenos meteorológicos de dimensões extraordinárias e indiciadoras daquilo que tem feito por negar: o efeito das atividades humanas nos equilíbrios climáticos. Brincando com o fogo, a Administração corre sério risco de escaldar-se...
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