Passos Coelho e Donald Trump continuam em foco pela deriva neofascista dos seus discursos dos últimos dias. Poderá haver quem se incomode com o recurso a tão rebarbativa expressão, mas para quê poupar na desqualificação quando um manifesta incómodo com imigrantes aqui recebidos segundo uma obrigatória diretiva europeia ou o outro equipara os nazis de Charlotesville aos contramanifestantes, que contra eles protestaram?
Que os tempos vão difíceis para o líder laranja dizem-no os jornais: uma das reações mais vibrantes ao seu discurso na Quarteira foi quando se ouviram assobios dos prédios mais próximos motivados pelo jogo de futebol aí a ser visto e as televisões cedo desistiram da transmissão direta do que ele dizia para iniciarem um daqueles programas de paineleiros desportivos, que esvaziam as mentes, mas garantem tão significativas audiências. Tocando a rebate pelo sinais evidentes de uma abrupta e iminente derrota, a direção do PSD decidiu que Passos Coelho passará todo o mês de setembro em digressão pelo país, não tanto para minorar a derrota de outubro, mas a preparar o terreno para mais dificilmente ser desalojado nas primárias para o próximo Congresso.
Por seu lado Trump não consegue deixar de ser quem é: mesmo depois de se ter visto obrigado a ler uma declaração a só condenar os nazis da manifestação na cidade da Virginia, logo retomou a tese de serem condenáveis eles e os que pacificamente os verberavam.
Ambos desconhecem uma evidência: poderão ter tido o direito a mais dos que os proverbiais quinze minutos de fama, mas esta tende a ganhar a dimensão da mais tinhosa das abjeções.
Sem comentários:
Enviar um comentário