quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Crónica de uma morte anunciada

Fui leitor fiel do semanário «Jornal» que, infelizmente, vi adquirido por Francisco Balsemão. Recebi a sua transformação em revista com algumas reticências, mas anos a fio, fui assinante pesando positivamente nas vantagens e desvantagens de assim ir investindo algum do meu dinheiro.
Há uns quatro anos o desagrado com a evolução da publicação levou-me a não renovar a assinatura, mantendo-me como leitor mais ou menos regular das revistas, que iam saindo nas bancas de jornais. Era já uma altura em que os textos iam-se aligeirando, cuidando da abordagem da realidade com escasso esforço analítico.
A gota de água, que me fez desafetar em definitivo de tal publicação aconteceu há uns meses, quando foram liminarmente despachados para o desemprego alguns dos bons jornalistas ainda sobreviventes numa redação cada vez mais entregue a gente medíocre.
Desde então o tipo de capas, que ia vislumbrando semana após semana confirmava-me o rumo de progressiva degradação seguido pela sua nova diretora. Não me admira, pois, a notícia da intenção de Balsemão em livrar-se de um investimento cada vez mais ruinoso. Mas pode-se lamentar que ele tenha pegado num património muito respeitável, produto do esforço de tão memoráveis jornalistas (de Cáceres Monteiro a Assis Pacheco, passando por muitos que seria fastidioso aqui enumerar!), e o destruiu por o ter transformado numa lamentável caricatura do que ele representara.

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