sábado, 19 de agosto de 2017

Terroristas, marketing político e alguma pólvora seca

1. Os atentados jiadistas na Catalunha e na Finlândia ocorreram ao mesmo tempo que as forças afetas ao regime sírio vão ganhando terreno ao Daesh, aumentando significativamente a percentagem de território libertada dos seus crimes. É terrível para as vítimas destes atos desesperados, mas eles são-no de facto isso mesmo: os que acreditaram na viabilidade de um Estado Islâmico, que viesse vingar as suas frustrações numa sociedade consumista ocidental, onde foram, são e serão tratados como párias, veem cerceada a expetativa de um futuro diferente e dão-se à morte com os fracos recursos de que dispõem - e as viaturas alugadas são o que têm mais à mão! Ao suicidarem-se tentam levar consigo tantas vidas quantas as possíveis numa lógica vingativa, que sabem capaz de prolongar o horror ainda por mais algum tempo… antes de se estiolar de vez!
Estamos no fim de um ciclo, que tem feito tremer instituições de todas as latitudes e promovido medidas securitárias muito para além do que elas seriam necessárias. Quem lidera os Estados ocidentais tem aproveitado para lançar as premissas de uma inquietante estrutura de controle de todos cidadãos, bem útil a eventuais derivas totalitárias. Por isso compreendem-se as reticências do PCP em relação aos metadados, agora aprovados por Marcelo Rebelo de Sousa. Para este, tal legislação permitirá combater mais eficientemente o terrorismo. Mas, como se agora se constatou com a rápida reação aos atentados de Barcelona e de Turku, o presidente português não mostrou a mesma preocupação em manifestar-se contra os crimes terroristas de Charlotesville. Uma vez mais, e com provas sucessivamente reiteradas, Marcelo é igual a si mesmo: um peão das direitas colocado numa casa decisiva do tabuleiro para, a partir dela, participar na tentativa de fazer xeque-mate às esquerdas!
2. Conhecidas agora as despesas dos partidos durante o ano de 2016 fica-se a saber que o PSD andou a pagar todo o ano a retribuição solicitado por André Gustavo, o marketeiro brasileiro, que criara narrativas bastante eficazes para o quase sucesso eleitoral de outubro de 2015. Agora a contas com problemas judiciais no seu país, o guru de pouco préstimo servirá a Passos Coelho nos próximos tempos, mas convenhamos que com tão fraca mercadoria, não há publicitário capaz de a fazer dourar como algo de apetecível aos seus potenciais consumidores. Está em causa um gasto desnecessário de dinheiro para um partido, que promete ver cortado significativamente o financiamento do Estado quando em próximas eleições, ver reduzido drasticamente a percentagem de apoio dos eleitores.
3. O «Público» prestou-se a servir de instrumento de vingança a Paulo Azevedo contra José Sócrates por este, enquanto primeiro-ministro, não ter aceite ser seu cúmplice na frustrada OPA sobre a PT. Agora, sabendo iminente novo prazo para apresentação de provas, que nunca chegam a ser encontradas, o jornal da SONAE chafurda na imundície criada por Rosário Teixeira e Carlos Alexandre criando uma narrativa, que peca logo em dois contra-argumentos factuais incontestáveis: nem foi o governo de Sócrates quem retirou ao Estado a golden share  na PT, nem foi na sua vigência, que se verificou o negócio com a Oi. Se a PT foi o exemplo indubitável de um importante ativo nacional delapidado pelos seus acionistas e gestores com a colaboração de um governo em funções, então a suspeita sobre a sua ação danosa deverá ser endossada não só a Zeinal Bava, a Henrique Granadeiro, a Ricardo Salgado, mas também a … Passos Coelho, que tudo lhes acabou por permitir!
Bem podem Paulo Azevedo e seu papá Belmiro tomar umas pastilhas para a azia, que a sua campanha no «Público» só consistiu em inconsequente pólvora seca.

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