Antes de férias Marcelo volta a ser igual a si mesmo, vetando a legislação, que propicia a assumpção da Carris pela Câmara Municipal de Lisboa, sob a alegação de não pretender obstar uma possível privatização futura.
Sobre a “bondade” das privatizações temos ganho direito a cátedra nos últimos anos: desde a Galp à EDP, do setor bancário à REN, da TAP à Cimpor, dos CTT à PT, não vimos qualquer problema financeiro do país resolvido e desapareceram sucessivos anéis, que tanta falta fariam para dar ao setor público a capacidade de alavancagem de toda a economia.
Ademais, sendo o reordenamento urbano uma prioridade com a sua interligação à criação de uma rede de transportes públicos, passíveis de afastar os automóveis dos centros das cidades, nunca se poderão esperar decisões judiciosas por quem aspira apenas a maximizar o lucro, independentemente do que possam ser as necessidades das populações.
Marcelo é o escorpião da fábula que, mesmo sabendo quanto a decisão contradiz a racionalidade ditada pelos tempos atuais, não se coíbe de a tomar. A inteligência dita-lhe que privatizar é receita garantida para o desastre, mas os preconceitos ideológicos tendem-no a sempre privilegiar a tese das direitas, que nelas veem a promessa de amanhãs que cantam para os gananciosos do costume. Que são os mesmos, que lhes garantem altifalantes privilegiadas com os jornais, rádios e televisões que controlam. E que lhes financiam direta ou indiretamente as atividades.
Há amigos que de mim discordam quanto à perspetiva sempre crítica, se não mesmo detratora, sobre o que a criatura vai fazendo entre Belém e os vários cenários tão propícios aos seus selfies. Mas que poderei fazer se só me dá argumentos para dele confirmar as certezas quanto a não ser, nem nunca vir a tal representar, o Presidente que gostaria ver-me representar como mais alto magistrado da Nação?
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