Há duas «fontes de informação», que servem para, semanalmente, se aferirem os recados de Marcelo Rebelo de Sousa a António Costa. Uma é promovida pelo oráculo de Fafe aos domingos na SIC, nunca se sabendo até que ponto as suas opiniões são as próprias ou as encomendadas por quem o tem como «conselheiro». O certo é que as suas posições sempre críticas para com o governo, espelham quase por certo as subscritas por Marcelo, mas que ele se exime de expressar devido à sua condição institucional.
Mais interessantes são os recados sempre trazidos pelo «Expresso», mormente por essa voz apócrifa, que assina como Ângela Silva. Tal como sempre foi tida como altifalante do que interessava provir da sede da Rua Buenos Aires, a jornalista também tem mostrado vocação para cumprir idêntico papel relativamente ao que Belém pretende veicular no espaço público.
Desta feita o que diz o artigo da sua autoria é basicamente isto: por muito que António Costa pretenda mudar de registo, esquecendo os incêndios e orientando a atenção coletiva para os resultados económicos e financeiros da governação, Marcelo não lho permitirá. E, mais ainda, até pressiona no sentido de uma remodelação governamental, que teria como alvo principal a ministra da Administração Interna. Algo que o primeiro-ministro tem liminarmente afastado como hipótese nas entrevistas mais recentes, nomeadamente na facultada ao mesmo semanário.
Que levará Marcelo, a através de Angela Silva, enviar tal recado ao governo? Será que na habitual reunião semanal com Costa tem levado contínuos nãos a respeito de tal sugestão? Pretenderá manter na ordem do dia um assunto, que fragilizou o governo durante umas semanas e tende a cair no esquecimento tão só o verão decline e surjam as primeiras chuvas de outono? Quererá Marcelo cavalgar algum resultado menos bom do PS nas autárquicas e, mediante uma remodelação algo forçada, criar a ideia de uma decadência irreversível na sua ação política? Todas elas são questões a serem respondidas nas semanas vindouras. No entanto não parece que venha a ter grande sucesso: não só os resultados da governação voltam a sobressair como muito positivos como também prometem ainda potenciar-se no segundo semestre com algumas exportações a acelerarem-se.
Serão as direitas a exporem-se a graves dissabores, não só pela escusa de Passos Coelho em sair de cena, mesmo acumulando sucessivas derrotas eleitorais, mas também pelo indiciado pelas sondagens a respeito dos resultados de Assunção Cristas em Lisboa. Bem podem a SIC e o Expresso darem expressão aos humores agastados de Marcelo, que lhe restará manter-se no circuito das selfies e dos afetos. Se é que possa pretender a prossecução do seu objetivo principal num novo quinquénio - reorientar a governação para a direita, se o ensejo se lhe apresentar.
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