Nos muitos anos em que estive numa das empresas de um grupo económico bem conhecido, estive com os demais diretores em muitas ações de Formação e de Coaching, em que o objetivo era o de nos serem propiciadas ferramentas passíveis de utilizarmos no dia a dia com os clientes, os fornecedores, as autoridades e outros parceiros de negócio. Uma das regras fundamentais ali aprendidas era a de que NUNCA deveríamos ostentar em público, e muito menos numa mesa de negociações, uma pose de braços cruzados à frente do tronco. Essa atitude indiciaria, de imediato, uma demonstração de insegurança, de medo, perante os interlocutores. Instintivamente eles adivinhariam o nosso incómodo por não determos condições negociais tão indiscutíveis quanto desejaríamos.
Durante décadas Trump autopromoveu-se como um habilíssimo negociador. A sua presença na Casa Branca vai, porém, denunciando-o como hiperdemonstração do bem conhecido princípio de Peter: ele não chegou agora ao patamar da sua incompetência, porque, na realidade, ele situar-se-ia num nível muito abaixo e só uma América muito doente acedeu a ver-se ministrada com receita governativa tão embusteira.
Seria, porém, crível, que Trump tivesse uma noção dos rudimentos da sua “arte”. Ou que algum dos responsáveis pela imagem lhe acautelasse os erros de palmatória. Por isso mesmo as imagens em que o vemos a ameaçar a Coreia do Norte com raios e coriscos, sempre de braços cruzados para a câmara soa totalmente a falso. Ele lembra, inevitavelmente, aquele peralvilho de um dos mais conhecidos filmes dos Monty Python, que emboscava um cruzado a caminho da Terra Santa e o desafiava com a sua espada, sempre com crescente fanfarronice, mesmo perdendo sucessivamente os braços e as pernas.
Perante a infantilidade do neto de Kim il Sung, Trump está condenado a ser o cão que ladra e não morde. Porque no dia em que ousar uma intervenção mais musculada na península coreana, lá estarão os chineses a lembrar-lhe, com que limites não transigirão. E a imagem da semana passada do presidente Xi Jinping, de camuflado, a assistir a um impressionante desfile militar vale por milhentas páginas de palavras...
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