Desde que começámos a ver os filmes de Michael Moore ficámos a considerar Flint, no Michigan, uma das piores cidades norte-americanas para se viver.
O realizador, que ali nascera, tem-na apresentado como o paradigma dos aglomerados urbanos, onde outrora existiu uma indústria capaz de proporcionar postos de trabalho à maioria dos seus habitantes, mas que depois os abandonou à sua sorte, quando a globalização tomou conta do capitalismo e o tornou ainda mais selvagem do que já era.
A notícia, que agora dali surge é exemplar: porque estava falida, a cidade foi posta sob a gestão de um enviado do governador republicano do estado, que fez o expectável: cortar a direito nos custos públicos. E, porque era demasiado caro bombear a água de Detroit para ser consumida pela população, a ordem foi passa-lo a fazer do próprio rio Flint.
O problema é que esse curso de água está tão poluído, que passou a jorrar das torneiras uma coisa acastanhada e mal cheirosa, que se assemelhou ao que a universidade de Virginia Tech designou como «lixo tóxico».
Bem procurou o governador minimizar o problema, que ele só se avolumou com a previsão de muitas doenças graves para quem insistisse em ingerir tal líquido. Se, de imediato, foram detetadas alergias e dores de cabeça, os riscos subsequentes de cancros e problemas neurológicos passaram a constituir uma séria possibilidade.
Resultado: nesta altura as autoridades federais começaram a distribuir água engarrafada, o governador teve de dar o dito por não dito, mas ninguém sabe onde encontrar verbas suficientes para, não só substituir a canalização de chumbo em fase acelerada de degradação, mas também pagar os elevados custos de trasfega da água vinda novamente de tão longe.
Sem comentários:
Enviar um comentário