É claro que podemos continuar a comentar os debates presidenciais por muitas vertentes, mas há uma que se começa a destacar se os cingirmos àqueles em que participam os três candidatos com maiores possibilidades de chegarem à segunda volta: dois deles têm máculas no currículo, que os fragilizam, quando deparam com interlocutores apostados em denunciá-las. Algo que não se vislumbra no outro candidato em causa.
Maria de Belém não se consegue livrar da promiscuidade, que alimentou entre as suas funções parlamentares e as concomitantes tarefas na administração de um grupo bancário na área da saúde. Ademais todos os apoios decorrentes de setores ligados às Misericórdias ou à indústria farmacêutica decorrem de, em funções políticas ou empresariais, sempre ter atuado em seu favor como se se tratasse de uma mera lobista.
Marcelo Rebelo de Sousa também não se livra de, na iminência do descalabro no BES, ter caucionado a burla praticada contra os investidores na última tentativa da família Espírito Santo em sangrar os bolsos dos investidores para colmatar o buraco crescente nas suas “habilidosas” contas. Quantos terão pensado que, se Marcelo ou Cavaco desmentiam os riscos inerentes à sobrevivência desse grupo bancário, não teriam qualquer problema em lá apostar o seu dinheiro?
Sampaio da Nóvoa é o único sem telhados de vidro. Quando Henrique Neto o quis desvalorizar não encontrou melhor do que acusá-lo de ser um “académico” ou de “não ter ideias”, argumentos que morrem logo pela base. Por um lado, porque se Neto não preza quem passou a vida a ensinar e a gerir instituições universitárias, os portugueses sabem bem melhor o quanto os sacrifícios destes últimos quatro anos foram provocados pelos tais «gestores privados», que teriam supostamente melhores competências do que os do setor público.
O exemplo de Passos Coelho, vindo da administração de empresas privadas, para a governação do país passou a ser o caso de referência da desqualificação dos gestores e empresários do setor privado em se tornarem competentes e honrados servidores dos nossos interesses coletivos.
Quanto à outra acusação, a do suposto vazio de ideias, ela só poderia ser risível, se não tivesse correspondido à clássica cortina de fumo atirada como poeira para os olhos de quem os estava a ver. O objetivo era impedir a Sampaio da Nóvoa a explanação da Visão ambiciosa, mas perfeitamente exequível, que possui para o futuro dos cidadãos portugueses, por ele convidados a embarcar num projeto político associado ao tempo novo criado pela nova realidade parlamentar, que os pode catapultar para um país mais próspero, culto e em que sejam aclamados os genuínos valores da Cidadania.
A dezanove dias do ato eleitoral de 24 de janeiro podemos considerar que, dos dez candidatos, só três efetivamente contam. Mas, desse triunvirato, só um deles tem o carácter exigível para ser o Presidente da República, que nós merecemos na nova fase histórica, que estamos a viver.
Sem comentários:
Enviar um comentário