Houve quem visse na intervenção de Ana Catarina Mendes a propósito do resultado das eleições presidenciais, um inquietante alheamento de António Costa relativamente ao Partido, sendo esse o caminho certo para o deixar resvalar para a irrelevância.
Pacheco Pereira foi um dos que alinhou nessa tese, quando tudo aponta para o contrário: foi, precisamente, para evitar essa subalternização do Partido em relação ao governo, que António Costa criou o cargo de secretário-geral adjunto com a missão óbvia de o manter motivado e ativo na sua intervenção.

Ademais, numa altura em que a sociedade portuguesa tende a valorizar o papel da mulher na política - e não é por acaso que Marisa Matias conseguiu a votação de ontem ou que o CDS se prepare para entronizar Assunção Cristas - é fundamental que o PS apresente como seu líder atual a deputada de Setúbal.
A opção de António Costa em dar a Ana Catarina Mendes o merecido protagonismo, enquanto porta-voz da posição do Partido, reagindo depois aos resultados como primeiro-ministro, teve, igualmente, o condão de, muito inteligentemente, se colocar num patamar acima de Passos Coelho que, pouco antes, discursara ao nível do mesmo estatuto que a líder do PS.
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