Em julho do ano passado tomámos a decisão de avançar para a militância ativa na campanha presidencial anunciada algumas semanas antes e que tinha por protagonista o Prof. Sampaio da Nóvoa.
Conhecêramo-lo numa comemoração do 10 de junho em que o seu discurso saíra dos cânones do cavaquismo, supostamente seu anfitrião. Tínhamos, igualmente, presente o que disse na Aula Magna durante o Congresso das Alternativas e, sobretudo, no Congresso do PS em que António Costa iniciava a construção do tempo novo só agora em curso.
As alternativas que se nos afiguravam como viáveis não correspondiam àquilo por que ansiávamos: muito embora ainda haja uma grande maioria a não compreendê-lo, está a acontecer uma revolução de mentalidades capaz de tornar obsoletas as formas como as forças sociais-democratas e socialistas europeias entenderam ser possível fazer política nos últimos anos.
Dir-se-á que falhou na Grécia, o que é no mínimo extemporâneo, e não conseguiu impor-se no norte da Europa, mas a Inglaterra dos trabalhistas e a Irlanda do Sinn Fein tendem a desmenti-lo. E, depois, há o Bloco de Esquerda aqui em Portugal, o Podemos na Espanha vizinha, e sabe-se lá que outros movimentos semelhantes a nascer e a crescer um pouco por todo o lado.
Porque aumenta dia-a-dia a influência dos que constatam a predominância de um capitalismo de receita única: ou austeriza ou morre. E essa “solução” inferniza a vida da grande maioria dos cidadãos.
É por isso que vivemos uma época em algo semelhante ao Maio de 68 em França, ou ao que por essa altura ocorreu na Checoslováquia e nos campus universitários norte-americanos: mesmo aparentemente derrotados no imediato, as transformações que implicaram nos anos subsequentes foram bastantes para atirar para o lixo muitos dos modelos ideológicos anteriores, não só a nível dos usos e costumes, mas da própria política em geral.
Quando decidimos aderir ao Núcleo de Apoio à Candidatura do Prof. Sampaio da Nóvoa no Seixal, criado no Restaurante O Bispo pelo Vitor Sarmento, pelo Carlos Alberto Moniz, pelo Francisco Navarro, pelo João Filipe, pela Paula Gil, pela Custódia Pereira, pela Helena Farias, pelo Manuel Ramos, pelo João Portugal e pela Lena Pedro, encontrámos um conjunto de amigos empenhados no mesmo objetivo: fazer quanto fosse tangível para transformar os nossos sonhos em realidade, já que ainda vivíamos no auge da campanha publicitária com que Passos Coelho pretendia eternizar-se no poder.
Éramos poucos, mas muito esforçados, e por isso mesmo foi possível organizar no Seixal um dos Encontros na Praça em que o Prof. Sampaio da Nóvoa pode explanar toda a sua Visão sobre o futuro exequível para todos os portugueses.
Apesar de estarmos no pico do verão, a meteorologia não ajudou nada, mas, mesmo com a ameaça constante da chuva, foi possível concretizar uma sessão, que ainda contou com a colaboração dos Tocá Rufar e do Carlos Alberto Moniz. À noite, o Restaurante do Vítor Sarmento rebentou pelas costuras, porque não chegaram as mesas e as cadeiras para todos quantos se quiseram associar ao primeiro evento público em prol deste projeto no nosso concelho.
Seguiram-se meses entusiasmantes em que outros se vieram associar ao Núcleo inicial e onde se solidificaram conhecimentos, que se transformaram em amizades para o resto da vida. Estou a falar do Costa Velho, que sempre revelou a ponderação e a capacidade de coordenar as vontades disponíveis. Do Alfredo, sempre incansável na determinação em tornar possível no terreno aquilo, que combinávamos nas reuniões. Da Anabela, que nos incitava para mais ações de rua, quando elas pareciam escassear. Do Miguel Fortes enquanto elo de ligação com as influentes comunidades lusófonas por todo o distrito. E tantos outros, que foram surgindo: o Cláudio como representante da juventude, a veterania do Fernando Gomes, do Germano ou da Otília, a competência do Fernando Alves, da Isabel Antas, do Pedro Cortegaça, da Júlia Farinha para que todas as mesas de voto tivessem representantes da candidatura. E decerto que me esqueço de muitos outros, mormente dos que tornaram possível o grande Jantar na Quinta da Valenciana, injustamente omitido na comunicação social onde teria merecido surgir como demonstração da atratividade do candidato ao encher salas com centenas de apoiantes, quando mais ninguém o fazia.
É claro que, do Núcleo inicial, sobraram o João e a Paula, com os respetivos filhos, que só não superaram o Alfredo em empenhamento, porque a atividade de professores não lhes permitia dar nem mais um minuto da escassa disponibilidade. E, fica a expectativa de vermos o Alexandre, hoje ainda nos nove argutos anos de idade, converter-se num grande militante de causas no futuro, de tal forma o víamos a convencer as pessoas a quem entregava flyers sobre as vantagens da proposta do nosso candidato. E, last but not the least, o Manuel Ramos, que foi com plena justiça, e para nossa honra, o mandatário do Núcleo.
Alguns dos que se entusiasmaram de início foram dar o seu contributo a outros Núcleos ou decidiram mandatar os que ficaram para prosseguir com o testemunho por eles iniciado.
Julgo, porém, falar por todos, quando expresso um grande OBRIGADO ao Professor Sampaio da Nóvoa pelos seis meses extraordinários, que nos permitiu viver. Através dele e de tudo quanto prometia vir a ser como Presidente de todos os portugueses, acreditámos na viabilidade de sermos realistas pedindo o impossível: a súbita transformação do país, ainda muito marcado pelo que existe de diminutivo na arte de ser português - na mesquinhez, no egoísmo, no preconceito! - em algo de decente. Porque o povo tem muita razão, quando diz: «junta-te aos bons e serás bom! Junta-te aos maus e serás pior!”.
Éramos, porventura, demasiado otimistas ao pensar que, subitamente, um povo inquinado pelo que significaram dez anos de cavaquismo e quatro de passismo-portismo, iria abrir os olhos e apostar na estrada de tijolos amarelos, que conduzisse ao outro lado do arco-íris! Mas valia a pena tentar!
Continuando a falar por todos quantos citei, voltasse-nos Sampaio da Nóvoa a desafiar para o mesmo projeto, mesmo sabendo-o provavelmente derrotado, e nenhum de nós enjeitaria o desafio.
Todos nós dissemos, e diríamos presente, porque acreditamos no tempo novo, que continuará a impor-se, apesar de haver, em Belém, quem com ele nada tem de coincidente. Porque, como escrevi lá muito para trás, esse tempo é um imperativo das relações de forças atualmente existentes na Europa de hoje.
A luta continua já a seguir, porque uma batalha perdida nada altera no resultado final da guerra social e política, que se perfila nos próximos anos.
Agradecemos ao Prof. Sampaio da Nóvoa ter sido o nosso general neste momento, que jamais esqueceremos, e com ele continuaremos a contar para o que o futuro ditar...
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