segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A sordidez crónica do pasquim da Cofina

É dos livros: não há nada que o pasquim matinal da Cofina não tente emporcalhar. Está nos genes da equipa de Otávio Ribeiro e de Eduardo Dâmaso e não há volta a dar-lhe. Na mente de tal gente nem o mais virtuoso dos eremitas escaparia à mais sórdida história de alcova se o suspeitassem de simpatias de esquerda. Por isso mesmo, e apesar de manter um desprezo absoluto por tal gente e por tal porcaria em forma de jornal, não me admirei, quando, de manhã, um amigo me telefonou a perguntar: «já viste o que o Correio da Manhã traz sobre o Professor?»
É claro que desconhecia, mas o conteúdo não ofereceria dúvidas: para além da enormidade levantada na semana passada por um dos estarolas, que surgiu em forma de candidato a estas presidenciais, teria de haver história de cama à mistura. E ela lá estava sob a forma de saber se o casamento de Sampaio da Nóvoa se mantém ou passa por alguma crise. Ou seja, não havendo telhados de vidro para onde atirar pedradas - coisa fácil de conseguir com todos os outros nove contendores - procuram-se inventá-los.
O que é muito bom sinal! De facto o afã do pasquim da Cofina, associado à preocupação de Marcelo em combater a abstenção, que teme ver prejudica-lo preferencialmente, e à sanha com que Maria de Belém e seus apoiantes passaram a direcionar preferencialmente para o antigo reitor da Universidade de Lisboa, é bem demonstrativo da insegurança quanto ao resultado do próximo domingo. Afinal as coisas poderão não estar tão decididas quanto querem fazer crer. E, quando comparamos a energia de que ele dá mostras, apesar de percorrer o país de lés-a-lés em todos os sentidos, comparativamente com o cansaço já óbvio no preferido de Passos Coelho e Paulo Portas, é evidente que três semanas de campanha até 14 de fevereiro tornarão mais evidente a diferença de capacidade entre os dois candidatos à segunda volta. Até porque será inevitável um ou mais debates frente-a-frente onde sobressairá novamente a superioridade constatada por um milhão e quatrocentos mil espectadores no de há duas semanas atrás.
É por temer esse desastre à vista da praia, que a direita tentará inventar todas as torpezas, que possam colocar em causa a inquestionável honorabilidade de Sampaio da Nóvoa. Azar o seu, nada de negativo poderão encontrar, que dê substância a tal intento. O fracasso da direita também passará por aí. E Marcelo ajudará a precipitar essa derrota ao perder a capa simpática em que tem assentado a sua campanha vazia. Qual escorpião da fábula, tão só pressinta a desilusão do seu projeto de quase toda uma vida, será vê-lo  incapaz de evitar a picadela, mesmo antes de conseguir chegar à margem. E essa face, já vislumbrada no debate em causa, constitui uma transfiguração estranha para quem dele construiu uma falsa imagem muito diferente. Na corrida de fundo até à votação definitiva, o fôlego bastante está com Sampaio da Nóvoa.
Avulta ainda o incómodo de qualquer socialista em testemunhar a figura lamentável a que Maria de Belém se tem prestado. Mas convenhamos que o último ano e meio da História do Partido Socialista tem sido fértil na clarificação entre o farto trigo e o mitigado joio...

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