Ao primeiro dia de campanha oficial já se compreendeu que só existem dois candidatos capazes de atrair grandes mobilizações populares para os eventos relacionados com as suas candidaturas: Edgar Silva e António Sampaio da Nóvoa.
Do candidato comunista não se estranham os quatro mil apoiantes, que foram ouvi-lo no Pavilhão Rosa Mota no Porto. Já Sampaio da Nóvoa terá visto exceder as melhores expetativas com os milhares de pessoas, que foram ao seu encontro em Seia, na Guarda, em Mangualde ou em Viseu. Só no jantar-comício na sede do que outrora foi tido como o «Cavaquistão» estiveram mais de setecentas pessoas. Sente-se uma tal dinâmica de mobilização, que o ex-reitor da Universidade de Lisboa revelou confiança na vitória final: “Está tudo em aberto. Vamos ser nós a passar à segunda volta e a ganhar a segunda volta.”
Nas suas intervenções esteve em foco Maria de Belém, que “a todas as perguntas diz nim”, ou que “faltou à chamada” quando se sentava no Parlamento e não se juntou ao grupo de deputados do PS e BE que iniciaram o processo de inconstitucionalidade dos cortes de salários e pensões previstos no Orçamento.
Outra questão remanescente dos debates com os dois principais adversários, o da suposta “inexperiência” política, teve resposta à altura: “Se eu sou o candidato da inexperiência, de que nos serviu a experiência de Marcelo Rebelo de Sousa ou Maria de Belém?” “Quando foi preciso eu estive lá”, disse. “Não faltei, não me escondi. Estive na Aula Magna, com Mário Soares ou Pacheco Pereira, a defender a Constituição e a soberania do país.”
A discursar na sua terra natal, Correia de Campos também abordou a personalidade ambígua de Maria de Belém: “Quem pode sentir-se protegido com ela na Presidência da República?”, se se revelou inoperante quando foi Presidente do PS e tudo fez para passar despercebida. Mas a indignação do antigo ministro da Saúde decorreu de a ter visto tomar Sampaio da Nóvoa como seu principal alvo: “Se gosta tanto de morder, que morda, mas na direita de quem tanto se aproximou.”
E foi isso que Sampaio da Nóvoa fez ao tomar Marcelo como o principal visado pelas suas críticas: “Votar em Marcelo é o mesmo que escolher uma rifa. Nunca sabemos o que nos irá calhar em sorte”. É que nunca sabemos qual dos Marcelos iríamos encontrar na presidência da República: “O que em campanha anda num namoro pegado com o Estado Social, ou o que defendeu em 2010 o projeto de revisão constitucional de Passos Coelho que acabava com a gratuitidade na Saúde.”
Mais a norte o visado andaria em “registo cavaco silva” ao surgir nas televisões a falar e a mastigar, lembrando inevitavelmente a célebre cena do bolo-rei.
No facebook, o jornalista Paulo Querido escrevia algo que milhares de portugueses estão prontos a subscrever: “Nas eleições legislativas de outubro último a coligação PSD+CDS venceu com um péssimo score apesar de ter sido transportada ao colo pelas televisões, rádios e jornais.
Espero que as eleições presidenciais deste mês confirmem a tendência e o candidato do PSD+CDS transportado ao colo pelas televisões, rádios e jornais as vença com um péssimo score que nos leve à segunda volta.”
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