É evidente que, tal como andou com Passos Coelho ao colo durante a campanha para as legislativas, a comunicação social acarinha Marcelo Rebelo de Sousa, que usufrui de uma imerecida cobertura noticiosa já que os seus dias são passados a desfilar banalidades para velhinhos, criancinhas e a quem por ele vai passando na rua. E aí corre riscos inesperados, porque as televisões lá vão dando conta de uns quantos figurantes forçados a borrarem a pintura do protagonista afiançando-lhe não votarem nele.
Mas o pior acontece, quando compõe a pose grave de quem já se sente no cargo a que concorre e só diz disparates ou promessas inconsistentes. Porque, apontar-lhe-ia certeiramente Sampaio da Nóvoa: "Não há nada que Marcelo não diga. Até garante a promulgação de um orçamento que não conhece, como se Belém fosse a sede do Governo e do parlamento", acrescentando, "um candidato a Presidente que dá por garantida a aprovação de um orçamento que ainda não conhece, apenas para apressar a sua eleição, já está a servir mal os portugueses, antes mesmo sequer de chegar a ocupar o cargo."
Mostrando o que de pior pode ter um ator político, e parafraseando livremente Pessoa, Marcelo é um fingidor, e finge tão completamente, que finge que é dor, a dor que deveras sente. Pelo menos já sabemos, que o seu mal é feito de dores de estômago, para o qual anda a tomar pastilhas com fartura. E que prometem agudizar-se à medida, que a campanha evolui para o dia da ida às urnas. Não só porque poucos terão paciência para o ver a passear-se pelas notícias, mas sobretudo pelo aumento significativo da adesão popular à campanha do seu principal adversário. E, de facto, são tantos os que se inscrevem nos jantares-comícios, que a organização anda numa fona a mudar de local para contemplar um número substancialmente maior de interessados.
No terceiro dia de campanha eleitoral, que o levou aos distritos de Castelo Branco, Portalegre e Évora, para visitar bons exemplos da economia - empresas relevantes como a Centauro ou a Delta - Sampaio da Nóvoa teve a seu lado Ramalho Eanes, que afiançou ser ele já um general, respondendo diretamente às criticas de alguns maledicentes.
Comentando o tempo novo, que não se cansa de vislumbrar, Sampaio da Nóvoa definiu-o como “uma ideia mobilizadora de futuro, de um país capaz" sempre concretizada com a implementação de uma “cultura de negociação e de compromisso” cujo potencial “tem existido na sociedade portuguesa nas últimas semanas.”
A concluir defendeu que "é isto que Portugal precisa, de uma ideia de caminho e mantê-lo, e não de resignação".
É claro que, além de Sampaio da Nóvoa e de Marcelo, outros oito candidatos andaram por aqui e acolá: Edgar Silva e Marisa Matias a segurarem os respetivos e voláteis eleitorados, Maria de Belém nas passeatas pelas instituições vocacionadas para o negócio caritativo, Cândido Ferreira a visitar um jornal, Paulo Morais a evocar Humberto Delgado, Jorge Sequeira a publicitar as suas aulas de motivação e Tino de Rans a engatar espanholas no berço da nacionalidade. E assim foi o terceiro dia de campanha!
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