Em dia dito de reflexão é suposto nada comentar sobre as eleições presidenciais, mesmo ainda estando a ressacar da tremenda noite passada numa Aula Magna à cunha e com a magia das vitórias anunciadas a pairar por cima das bandeiras esvoaçantes.
Optemos, então, por outro tema que não fira a legalidade dos pressupostos exigidos pela Comissão Nacional de Eleições. Por exemplo falemos da Suécia e de uma das suas mais emblemáticas marcas - o Ikea.
Confesso que só uma vez me atrevi a entrar na sua loja de Alfragide e nunca mais lá voltei perante a obrigatoriedade de dar uma volta inteira ao estabelecimento antes de dar com a saída para a rua.
Mas, sobretudo, por uma questão de princípio recuso-me a dar dinheiro a ganhar a uma família cujo pai, fundador da empresa, foi um notório colaboracionista nazi jamais julgado pelos seus hediondos crimes. Ora, quem leu os romances de Stieg Larsson sabe bem quanto foram execráveis esses adoradores da suástica, que continuaram, incólumes, com os seus negócios, mesmo após o julgamento dos cúmplices germânicos em Nuremberga. E até se adivinha a sua intervenção no inexplicado e jamais resolvido assassinato de Olof Palme.
Mas, não bastando as suas mais do que equívocas ligações do passado, eis a Ikea novamente envolvida noutro negócio sórdido: os governos suecos sempre tinham reconhecido até agora a independência da República Árabe Saarauí Democrática, apesar da ocupação ilegal nela perpetrada por Marrocos, mas, agora, perante as dificuldades da célebre marca em abrir uma das suas megalojas em Casablanca, o atual deu o dito pelo não dito e passou a aceitar a indignidade marroquina.
O que se faz para que frutifiquem os negócios! A Ikea só confirma o seu comprometimento com os regimes e as opressões mais inaceitáveis... passando por cima dos mais elementares princípios de respeito pela vontade dos povos.
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