Eu sei bem que, anteontem, o Prof. Sampaio da Nóvoa deu por concluído o seu projeto de candidatura a Belém decidindo retomar a sua atividade académica.
Não está em causa questionarmos a legitimidade dessa intenção ou a de aceitarmos Marcelo Rebelo de Sousa como nosso Presidente nos próximos cinco anos.
Mas ficam muitos «no entantos», que justificam atitude diferente dos muitos milhares de apoiantes, que se associaram aos Núcleos de todo o país para concretizar a visão estratégica do «tempo novo» tão presente nos discursos do seu candidato.
Por um lado esse tempo novo não foi posto em causa com a votação do domingo transato. Ele consubstanciava-se no acordo das esquerdas para a governação da equipa ministerial de António Costa, que persiste sólido apesar da falta de respaldo do seu mais genuíno intérprete no topo das funções do Estado.
Por outro lado há a considerar a vontade de prosseguir esta dinâmica, por muitos que retomaram a militância ativa nesta causa, porque ela a merecia, e não se sentem ainda enquadráveis numa estrutura partidária, justificando-se assim uma alternativa de intervenção cívica mais aberta capaz de os mobilizar para os desafios vindouros.
Há ainda a considerar que, desde a eleição de António Costa como secretário-geral do PS em primárias - onde foi relevante a participação de muitos simpatizantes, que não se sentiram dispostos a passar para a condição de aderentes -, ficou demonstrada a necessidade de interligar o partido com associações onde tenham relevância os que se definem como independentes, mesmo que assumidos «compagnons de route».
Acresce, enfim, a necessidade de criar formas imaginativas de trazer novamente para a política os que dela descreem ou se definem como indiferentes.
É tudo isso que justifica o lançamento de movimentos cívicos descentralizados e inspirados na Carta de Princípios da Candidatura de Sampaio da Nóvoa. Eles podem organizar tertúlias, debates, conferências, colóquios, e outros modelos de participação pública capaz de atrair um número crescente de portugueses para os desafios da cidadania responsável.
Trata-se de incentivar os abúlicos a abandonarem a pulsão abstencionista para participarem nos destinos de país como eleitores. E, almejando ir mais longe, conseguir que de eleitores passivos, apenas estimulados para manifestarem as suas opções de quatro em quatro anos nas legislativas e nas autárquicas, e de cinco em cinco anos nas presidenciais, sejam convencidos a sair das suas tamanquinhas e, em partidos, associações e outras organizações sociais e políticas, darem o contributo do seu esforço e da sua mundividência para ela se revelar mais arguta e solidária.
É nesse sentido que o melhor Obrigado, que podemos dar ao Prof. Sampaio da Nóvoa pelas vivências exaltantes destes últimos meses, é não deixar esmorecer a chama e realimentá-la com a determinação de sermos parte ativa na transformação do mundo no sentido de uma maior justiça e igualdade entre os cidadãos.
No fundo é aceitarmos que a História tem a sua própria dinâmica, mas cabe a nós reaferi-la na direção mais aproximada dos valores que defendemos.
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