Em 26 de janeiro de 1986, Freitas do Amaral conseguiu 46,3% dos votos na primeira volta contra os 24,4% de Mário Soares, que com ele passaria à segunda volta.
Três semanas depois Mário Soares venceria com 51,2% contra 48,8% de Freitas do Amaral.
É a repetição deste episódio da história eleitoral portuguesa, que assombra Marcelo Rebelo de Sousa e o enerva, por muito que as sondagens tendam a confortá-lo.
Ele até se sente razoavelmente acarinhado nas ruas, muito embora também dê de caras com quem lhe diz não o apoiar, mas não ignora o quanto Sampaio da Nóvoa está a crescer no terreno. Em Matosinhos juntaram-se mais de 1200 apoiantes no jantar-comício e seriam bem mais se houvesse lotação para tanto. Para o almoço de Lisboa a inscrição esgotou-se ao fim de dois dias apesar de se tratarem de mil e seiscentas presenças previstas. Também aí, houvesse sala para comportar mais apoiantes e provavelmente duplicar-se-ia essa lotação.
Perante tal dinâmica de vitória do seu antigo reitor, Marcelo só pode sentir-se inseguro: é que se o efeito pretendido com a publicação das sondagens era o de se replicar o sucedido nas legislativas em que foram elas, a um ritmo diário, a empurrarem o PàF para os 38% - que, ainda assim, não bastaram para a vitória! -, agora elas podem criar o efeito contrário: desinteressar os eleitores da direita da participação, fazendo com que a sua abstenção convirja com a mobilização do campo contrário e crie uma relação de forças semelhante à de Freitas do Amaral e de Mário Soares nas eleições de há trinta anos. A uma semana da ida às urnas ainda tudo está em aberto.
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