Ao contrário do que tentam defender os estrategas do governo, os últimos dias não têm corrido tão bem quanto querem fazer crer. E nem é preciso invocar a inacreditável intervenção de paulo rangel a trazer José Sócrates para o pleito eleitoral.
Muito embora queiram apagar todos os fogos, que ameaçam chamuscar-lhes as penas daqui até às eleições, passos e portas lembram aquele célebre Perdigão com quem Luís de Camões ironizava no século XVI:
não há mal que lhe não venha.
Perdigão, que o pensamento
subiu em alto lugar,
Perde a pena do voar,
ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
asas, com que se sustenha:
não há mal que lhe não venha.
Nos últimos dias tem sido o escandalosa intenção de entregar o Metro do Porto e o STCP a interesses privados por ajuste direto. Houve também a singular conferência de imprensa da ministra anabela rodrigues a perder o pio enquanto lhe pediam explicações por ceder à PSP em toda a linha e manter a GNR no estado em que está. Há ainda o Novo Banco a ser vendido por um valor, que torna risível a promessa de não comportar custos para os contribuintes.
Miguel Sousa Tavares perguntava neste sábado: “onde foi que se enganaram desta vez?”
Surgem, igualmente, números comprometedores para maria luís albuquerque e seus apaniguados: em sete meses as contas das administrações públicas tiveram um sinal negativo e 5 370,4 milhões de euros, esgotando 81% do défice previsto para todo o ano. Por outro lado, embora tentem enganar os eleitores com a falsa promessa de reembolso da sobretaxa, é difícil explicar como será isso possível quando os reembolsos no IVA estão 265 milhões de euros abaixo do verificado no período homólogo do ano transato e o mesmo se passa com o IRS onde essa “quebra” - que tudo aponta significar diferimento no respetivo processamento - é de 116 milhões.
Por muito que mintam reiteradamente até ao dia 4 de outubro, os 2,7% de défice com que a direita se comprometeu para o ano em curso, torna-se numa miragem cada vez mais intangível.
Contar-se-ão ainda os processos judiciais em número crescente já em andamento e da responsabilidade dos lesados do BES, que prometem não abandonar a contestação nas ruas.
Bem podem passos coelho e portas levar o pensamento a alto lugar, que muito provavelmente irão ganhar as penas do tormento.
Depois de umas semanas em que quiseram enfatizar algumas falhas na campanha socialista, terão grandes dificuldades em calar as contestações em diversos setores da sociedade portuguesa. Se até os taxistas já denunciam conluios entre membros do governo e a Uber, onde encontrarão os brasileiros à frente da propaganda da direita o ar e o vento, que lhe sustenha as asas. É que, nos próximos tempos , não há mal que lhe não venha.
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