Voltando às palavras de marco antónio costa e de paulo portas no Algarve é fácil discernir qual é a lógica do discurso propagandístico assumido pelo PAF nesta campanha eleitoral: trata-se de mais uma variante da velha estratégia do «agarra que é ladrão».
Todos sabemos que a Segurança Social viu agravada a sua sustentabilidade com a redução significativa da população empregada e com a diminuição da massa salarial total por ela usufruída. No entanto, segundo esses vendedores de banha da cobra é o Partido Socialista quem a põe em causa e, até, a quer a privatizar. Como se a proposta de plafonamento das pensões não fosse uma das mais perigosas propostas contidas no programa da coligação da direita.
E como o marketing político não dá para mais do que recorrer às mais primárias formas de emitir mensagens destinadas aos eleitores, ei-los a quererem sacudir a água do capote em relação a tudo quanto causaram nestes quatro anos do nosso descontentamento e a atribuírem ao governo de José Sócrates a raiz de todos os males por quanto estão os portugueses hoje a sofrer.
Algo que não se estranha, porque parece estar geneticamente inserido no ADN dos ministros da coligação: nem nuno crato teve nada a ver com o caos do ano escolar do ano transato, nem paula teixeira da cruz teve o que quer que fosse com a anarquia dos tribunais suscitada pelo Citius e pela reforma judicial, nem paulo macedo sentiu qualquer responsabilidade pelo estado calamitoso das urgências dos hospitais em muitas épocas do ano. Porque sentiria então passos coelho alguma responsabilidade com tudo quanto fez sofrer os portugueses nestes quatro anos?
Nessa propensão para sacudir a água do capote ei-lo a repetir até à náusea que a culpa foi do governo anterior. Como se esse governo já não tivesse sido escrutinado pelos eleitores em 2011 e como se as suas promessas não tivessem iludido gente influenciável em como chegaríamos a este 2015 com Portugal transformado numa reedição da Terra Prometida.
Será que os eleitores se vão esquecer da crise financeira internacional de 2009, que explica quase tudo quanto aconteceu de negativo até 2011 nas finanças públicas nacionais?
Será que os eleitores ignoram que o tíbio crescimento de que passos coelho e paulo portas tanto se vangloriam se deve quase exclusivamente a Mário Draghi, aos preços do barril do petróleo e à alavancagem propiciada pela bem mais robusta evolução da generalidade das economias europeias para onde fluem as nossas exportações?
E acaso desconhecem esses mesmos eleitores que, mesmo mantendo-se este crescimento diminuto, levaríamos anos a alcançar o PIB de 2010?
Quer-me parecer que os gurus brasileiros do PAF andam a tomar os portugueses por tolos! E que irão aprender alguma coisa com os resultados de 4 de outubro!
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