Jeremy Corbyn, eis um nome que vale a pena reter. Porque poderá ser, a partir de 12 de setembro, o líder dos trabalhistas ingleses, por muito que tony blair fique verde só de pensar nessa hipótese. É que o velho militante socialista - que reivindica-o ser sem qualquer pudor! - já defendeu em tempos o julgamento do antigo primeiro-ministro por crimes contra a Humanidade por ter sido cúmplice de george w. bush na decisão de invadir o Iraque.
Ora é isso mesmo que sempre defendi: enquanto perpetradores de um crime, que estamos a pagar demasiado caro com a resposta de um jiadismo assassino, responsável por centenas de milhares de vítimas no Médio oriente, os quatro figurões, que posaram para a fotografia no encontro dos Açores deveriam juntar-se a Radovan Karadžić e a Ratko Mladić nas instalações prisionais afetas ao Tribunal Internacional de Haia.
Mas Corbyn não merece ser, apenas, enaltecido pelo seu antiblairismo militante: ele é um tenaz opositor da austeridade e acredita na revalorização do ideal socialista assente no reconhecimento da luta de classes e das potencialidades da governação como forma de criar uma sociedade mais justa e igualitária.
Aos que o acusam de representar uma visão ultrapassada da política, Corbyn poderá responder com o toque a reunir de todos quantos se afirmam decididamente à esquerda e pretendem apressar o crepúsculo de um capitalismo definitivamente dissociado das suas características sociais-democratas, porque rendido às suas versões mais crapulosamente selvagens.
Ao contrário do que tem acontecido desde a queda do muro de Berlim, o espaço de afirmação de forças políticas ainda maioritárias no Parlamento Europeu tende a reduzir-se, sobretudo para as que mais têm pugnado por receitas reconhecidamente falhadas e geradores de empobrecimento dos povos.
No futuro imediato, ou os partidos sociais-democratas e socialistas reencontram os seus valores originais, ou serão ultrapassados por novos fenómenos de que o Syriza ou o Podemos mais não são do que batedores de quem a seguir chegará.
E não se replique com a emergência de nacionalismos de extrema-direita, já que eles - a exemplo do que se verifica na Hungria! - nada de positivo trouxeram ou trarão para quem os elegeu ou a isso está disposto.
A resposta para os impasses hoje detetáveis nas estratégias políticas, económicas e sociais dos povos europeus só poderá vir de uma esquerda rejuvenescida, capaz de recriar a sua matriz com os meios comunicacionais do nosso tempo e com a experiência feita de tudo quanto no seu percurso dos últimos cem anos (desde a Revolução Bolchevique!) a levou a becos inconsequentes.
Por representar a esperança renovada, que não encontrámos em Hollande, Corbyn merece ser olhado com atenção e, embora não possa votar nele, já tenho o meu candidato para a liderança do Partido Trabalhista britânico…
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