Estaremos a perder a Democracia em nome das boas maneiras? Eis a questão pertinente deixada por José Vítor Malheiros na conclusão da sua crónica no «Público» desta terça-feira.
É que a mentira tornou-se no cerne do discurso do poder e mostra-se tão repetitiva e descarada, que a esquerda até tem pudor em estar sempre a desmascara-la, julgando erradamente, que ela não acaba por entrar no imaginário efabulatório de quem a ouve. Ora bem sabemos o sucesso de goebbels como propagandista de uma ideologia execrável, que arrastou multidões atrás de si!
Um pobre desempregado até pode julgar-se a exceção ao cenário cor-de-rosa ouvido diariamente na boca de ministros, secretários de estado e opinadores mediáticos com eles conotados. E acreditar que, afinal, com os culpados pela sua desgraça, é que poderá voltar a viver amanhãs que cantem!
Quanto aos jornalistas, descomprometidos com quem está a mandar, cresce neles o receio de serem conotados com a esquerda se dão a relevância merecida às denúncias das falsidades daqueles. Têm horror à possibilidade de se lhes colar na testa a etiqueta de terem uma agenda, como se fossem simpatizantes comunistas na América do senador mcCarthy...
Para José Vítor Malheiros existe um sério perigo das mentiras prevalecerem se não forem atacadas com a mesma determinação com que são proferidas.
Nesta altura vivemos um dos momentos cruciais da nossa História democrática: ou esquecemos as boas maneiras e atacamos o discurso ideológico da direita e a novilíngua com que nos quer vigarizar, ou arriscamo-nos a ver definitivamente perdidos os sonhos, que chegámos a alimentar no tal dia inicial inteiro e limpo de que nos falou Sophia de Mello Breyner no seu conhecido poema dedicado ao 25 de abril.
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