Após duradouro namoro entre a coligação PSD/CDS e o FMI, eis que a instituição financeira sedeada em Washington veio estragar o idílio, quando passos coelho anda necessitado de que ele se torne mais fogoso.
No segundo relatório de monitorização pós-programa a Portugal, publicado ontem, o FMI não é nada meigo com a forma como constata estarem a evoluir as receitas fiscais e se vão cumprindo os objetivos orçamentais para o ano em curso.
Sintetizemos, então, as conclusões a que os seus técnicos concluíram:
* as projeções para a cobrança de impostos são demasiado otimistas e o atual ritmo de crescimento do IVA dificilmente perdurará para o resto do ano.
* as projeções estão a ser falseadas pelo abrandamento do pagamento de reembolsos no primeiro trimestre na tentativa de tornar credível a possibilidade do reembolso de uma parte da sobretaxa do IRS, expectativa que os números agora analisados negam vir a ser possível;
* ao contrário do que o governo anda a anunciar exclui-se a possibilidade de se atingir um défice inferior aos 3%. Pelo contrário tudo se conjuga para que ele venha a atingir os 3,2%;
* desmentindo a propaganda sobre a recuperação da economia, o aparente crescimento decorre de fatores conjunturais, que nada têm a ver com as políticas do governo. São eles a política monetária muito expansiva do BCE, a depreciação do euro e a descida do preço do petróleo, para além do ritmo de crescimento do principal parceiro comercial, a Espanha
Mas, porventura, a informação mais interessante, mesmo que nada inesperada, é o compromisso de se apresentarem propostas mais concretas sobre a forma de corresponder aos requisitos dos credores para depois das eleições.
Uma vez mais, passos coelho multiplicar-se-á em promessas falsas nas próximas semanas, ciente de nunca as ir cumprir se por acaso fosse o PAF a ganhar as legislativas.
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