"Não se pode dar passo maior do que a perna." O provérbio assenta que nem uma luva a quem “investigou” e mandou prender José Sócrates.
Que lhes terá passado pela cabeça? Ao avançarem com a detenção julgavam que os documentos, que ilustrariam as suas presunções, apareceriam por artes mágicas? Humilhavam quem há muito odiavam e deprimiam-no o suficiente para o reduzir ao silêncio, que publicitariam como consentimento perante as suas difamações?
Dois meses passados sobre o começo da infâmia nada poderá ficar como está! Como dizia o injustiçado Sócrates na resposta a uma das questões levantadas pela SIC “salvar a face da Justiça não é o mesmo que salvar a face do Ministério Público”. Ou seja, quando for totalmente desmontada a maquinação pelos procuradores incumbidos deste caso, será conveniente que se concretize uma há muito necessária limpeza na instituição. A bem da Justiça aqueles que têm sido agentes ativos ou passivos das contínuas violações do segredo de Justiça e de «habilidades» como as ilustradas no célebre lote de perguntas por responder com que arquivaram o processo Freeport não podem continuar a exercer funções, que têm assumido de forma tão indigna.
Apesar de termos visto Pinto Monteiro expressar a impotência em controlar as perversões constatadas nos seus subordinados, deixámos que se mantivesse a falsa imagem de uma Procuradoria-Geral da República respeitável e independente perante os vários poderes com que deveria coexistir.
O caso de José Sócrates vem demonstrar a verdadeira face de quem condena o Ministério Público a um tal descrédito. E, quando assistimos às recentes - e absurdas - condenações de Maria de Lurdes Rodrigues ou de Armando Vara, e vemos casos tão suspeitos como o dos submarinos ou o da Tecnoforma não merecerem a mínima atenção dos mesmos inquisidores, é altura de exigir uma profunda alteração neste estado das coisas. Porque, como alertava Daniel Oliveira, fundamenta-se a suspeição de uma Justiça zarolha só capaz de olhar para um lado do espectro político.
As respostas de José Sócrates à SIC só enfatizam essa necessidade, porque o que lhe estão a fazer mais não é do que o corolário de uma inaceitável deriva do rumo que se deve sempre exigir à Justiça: transparente e irrepreensível nos seus comportamentos e decisões.
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Foi patético o esforço hoje encetado por alguns em verem na evolução das propostas de Varoufakis e de Tsipras um recuo.
“Ah-ah!” - exclamaram ufanos das suas razões. “Os radicais do Syriza já estão a recuar!”
Cabe questionar: são hipócritas ou simplesmente patetas? É que, como em qualquer negociação, parte-se de uma posição inicial em que se exige X, mas se sabe ir resultar num epílogo de X-y. Tratar-se-á é de minimizar tanto quanto possível a dimensão desse y. Mal seria se ele se aproximasse do valor de X.
Ora, no essencial, os gregos parecem inflexíveis no princípio de pagarem as dívidas na medida das possibilidades criadas pelo urgente crescimento da sua economia. E já conseguiram para o seu lado os importantes apoios de Obama e de alguns governos europeus com quem já contactaram. Dia após dia é merkel e schäuble quem parecem mais isolados na inconsequente defesa de tudo quanto já se comprovou não resultar. Muito embora se revele árdua, a estratégia do novo governo grego parece dar sinais de resultar.
Na volta ainda havemos de ver passos coelho tecer elogios vibrantes a Tsipras sem sequer corar de vergonha!
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