1. A sondagem desta semana no «Expresso» confirma o otimismo com que os socialistas pressentem a iminência do termo de um dos períodos mais negros da História portuguesa em democracia.
Sem sequer ter apresentado o programa do governo a sair das próximas eleições legislativas, o Partido Socialista já não está distante da tal maioria significativa apontada por António Costa como imprescindível para lançar por diante a «Agenda para a Década».
É claro que podemos sempre questionar o que se pode fazer para contrariar a avassaladora propaganda da direita de forma a retirar-lhe parte dos incompreensíveis 33,6% com que ainda conta. Mas talvez bastem as más notícias que estão reservadas para passos coelho nos próximos meses: de pouco lhe valerá então o tipo de foguetório com que quis comemorar o crescimento tosco do PIB agora anunciado pelo INE. Como explicará a quebra das exportações relacionadas com as dificuldades angolanas e com a redução do número de carros produzidos pela Autoeuropa? Apenas lamentando-se de não ser sua a culpa?
Repito o que já aqui disse: faço votos para que, na noite das eleições, passos coelho e paulo portas lamentem muito o facto de não terem ido a votos no verão passado, quando António José Seguro quis prolongar por quase três meses a indefinição na liderança do Partido Socialista.
Desde então a queda da direita, se não tem sido a pique, vai constituindo uma tendência com agravamento anunciado.
2. No dia em que passaram cinquenta anos sobre a morte de Humberto Delgado, é elucidativo que nem passos coelho, nem cavaco silva tenham organizado alguma iniciativa destinada a homenageá-lo. António Costa marcou mais uma vez a diferença por encabeçar a única instituição pública, que quis recordar a data e o seu significado.
3. Quarenta mil milhões de dólares é quanto os «generosos» credores de Portugal já investiram na Ucrânia para evitarem a bancarrota de um país onde o PIB continua a cair a pique desde a sua «primavera antirussa».
Ou seja, a um país que não pertence à União Europeia os troikeiros dispõem-se a avançar com apoios financeiros por ora ainda recusados à Grécia.
Mas, pobres dos ucranianos, que preparam-se para levar com a mesma dose de austeridade já conhecida pelos portugueses: aumento dos preços de bens essenciais (nomeadamente da energia), a privatização de tudo quanto ainda pertence ao Estado e a redução de todos os direitos sociais.
Ao acamparem semanas a fio na praça Maidan, a maioria dos que ali alimentaram a esperança de se transformarem rapidamente em europeus abastados, já devem estar a questionar-se sobre a bondade das balelas em que quiseram acreditar.
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