O Daech - palavra árabe para designar o Estado Islâmico no Iraque e no Levante - possui hoje um território equivalente a metade da França e uma fortuna comparável ao de um país africano.
Controla bancos, entre os quais o de Mossul onde existiam 500 milhões de dólares em reservas, poços de gás natural, reservas de fosfatos, stocks de trigo e de centeio. A sua riqueza é inacreditável, pois atinge os 2 a 3 mil milhões de dólares de acordo com as estimativas dos serviços secretos ocidentais.
A organização tornou-se numa espécie de Estado pária que atrai militantes e combatentes do mundo inteiro.
Desconhecida há um ano atrás, esta start up do terrorismo nasceu no Iraque durante a ocupação norte-americana e converteu-se numa multinacional do terror.
O documentário «Daech: o nascimento de um Estado terrorista» foi agora estreado e procura responder a diversas questões: como surgiu e qual o seu modelo económico? Até que ponto ainda pode ampliar a extensão do seu atual território? Como lutar contra uma estrutura, que já não depende de financiamentos exteriores?
Os jornalistas Jêrome Fritel (que já assinara o excelente «Goldman Sachs - o banco que dirige o mundo») e Stephan Villeneuve partiram em novembro de 2014 para o Iraque para aí permanecerem durante um mês. O objetivo era investigarem in loco essa organização terrorista, que baralha todos os fatores geopolíticos da região.
Rodado como um road movie o documentário leva-nos às fronteiras do Iraque, do Cusdistão e da Turquia com o território controlado pelo Daech.
Os autores dão a palavra aos que, voluntariamente ou à força, trabalham sob o domínio da organização e descreve como funciona esse Estado autoproclamado.
Os atuais e os anteriores responsáveis pelo governo iraquiano explicam como o Daech espolia o Iraque de uma parte significativa das suas riquezas. Graças a empresas sedeadas nos territórios, que ocupam, conseguem aceder às redes bancárias internacionais.
Para além dos êxitos militares o Daech revela ser um projeto comercial a funcionar na lógica dos cartéis do crime organizado.
Como explica Jêrome Fritel: “ nos territórios que controla, o Daech tem o apoio das populações sunitas. As outras comunidades foram obrigadas a fugir.
Hoje, a luta contra esta organização terrorista escamoteia a guerra mais vasta entre sunitas e xiitas, que se traduz em fluxos ininterruptos de refugiados e na limpeza étnica nos dois lados da barricada”.
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