Uma das séries mais interessantes que está a ser transmitida num dos canais por cabo é «Years of living dangerously».
Em cada episódio surgem dois nomes conhecidos do cinema, da televisão ou do jornalismo norte-americano e analisar uma situação concreta demonstrativa dos efeitos do aquecimento global.
No desta semana a atriz Olivia Munn, que nos habituámos a ver como a especialista financeira de «The Newsroom», acompanhou as dificuldades do governador do Estado de Washington, Jay Inslee, em levar por diante a sua agenda ecológica perante a cegueira dos republicanos, que controlam maioritariamente o senado estadual. E o jornalista Mark Bittman recordou toda a campanha populista do governador Chris Christie, de New Jersey, em torno da tragédia, que, sob a forma do furacão «Sandy», destruiu a zona costeira do seu Estado.
A exemplo do que já víramos em episódios anteriores - onde já tinham passado Harrison Ford ou Arnold Schwarzenegger, entre outros - espanta o fanatismo dos republicanos contra as evidências da ciência.
Seja virando ostensivamente as costas ao discurso científico ou falsificando-o sem qualquer pudor, essa direita troglodita apenas se interessa em garantir o apoio financeiro dos grandes conglomerados industriais e económicos, que se estão completamente borrifando para o futuro do planeta tão só garantam a continuidade dos seus obscenos lucros por mais uns quantos anos.
Deste lado do Atlântico podemos estranhar esse comportamento, que tem tantas semelhanças com os dos jihadistas do Daesh. E, no entanto, encontramos entre nós a mesma falta de lógica.
O melhor exemplo dessa cegueira ideológica tem a ver com as consequências nefastas que a imposição da austeridade custe o que custar aos países do sul da Europa e à Irlanda estão a explicitar-se com pertinência crescente.
Daí que o mea culpa de Juncker e a vitória do Syriza tenham abanado, mesmo que ligeiramente, a intranquila muralha construída pelos alemães e os seus mais próximos aliados, e baseada numa teoria sem qualquer sucesso quando passada à prática.
Mas, ao contrário do que ocorreu durante a II Guerra Mundial, quando a muralha do Atlântico não impediu os Aliados de desembarcarem nas praias da Normandia, a relação de forças ainda parece pender em demasia para o sinistro schäuble.
Em Atenas os esforços de Tsipras e de Varoufakis são sabotados pela aliança do costume entre a direita, os comunistas (que até já convocaram uma manifestação contra o novo governo) e a extrema-esquerda (as franjas mais radicais do próprio Syriza. Alguma esquerda continua sem nada aprender e a servir de idiotas úteis dos que deveriam ser os seus mais óbvios inimigos.
Estamos a acabar a semana com a possibilidade da bancarrota grega ocorrer já nas próximas semanas, traduzida no esmagamento do corajoso david pelo estúpido, mas ainda demasiado forte golias.
Seria necessário, que os socialistas europeus - na reunião desta semana em Espanha - tivessem manifestado o grão-de-asa necessário para se libertarem definitivamente do papel de muleta da doutrina neoliberal conforme agiram em muitos dos países da União durante estes anos. E também dissessem não aos schäubles, que ainda querem mandar.
Mas, a menos que Atenas resista ao cerco e que as eleições da Andaluzia deem o abanão esperado, e podemos estar à beira do verão do nosso descontentamento...
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