E agora?, questionarão os que têm lido os meus propósitos otimistas a respeito do confronto do governo grego com o alemão.
Estarei pronto a reconhecer que Tsipras e Varoufakis foram encostados às cordas e não tardarão a cair no tapete?
Nem pensar nisso! A História está carregada de exemplos em que tudo parecia a favor de Golias e foram os Davids quem conseguiram derrota-los.
É que a jactância dos mais fortes esbarra, e de que maneira!, na coragem dos que se atrevem a enfrentá-los. Sobretudo, se como refere Correia de Campos no «Público», eles são “gente prestes a tudo perder, mas que tem orgulho em resistir. Que, sem o pretender, está a mudar a relação de forças, a questionar a humilhação internacional, a contestar a lógica suicida do ajustamento pelo emagrecimento.”
E, de manhã, enquanto schäuble voltava a revelar-se no que é, culpando os gregos por terem escolhido um “governo irresponsável”, já o homólogo de Atenas o avisava no «The New York Times»: “Estamos determinados a entrar em conflito se necessário, para que a Grécia possa seguir o seu caminho. (…) Também estamos determinados a não ser tratados como uma colónia da dívida que deve sofrer.”
Se alguém irá ter de recuar no último momento não será decerto o governo de Tsipras, porque o próprio apoio popular de que goza atualmente, mais o impelirá a ir de peito feito às balas. Imputar-se-á aos alemães e a quem os apoiar as consequências imprevisíveis no futuro da zona Euro e da própria União Europeia.
Triste sorte é a nossa - “vergonha” designa-a João Galamba no «Diário Económico» - por não termos contado nos últimos três anos e meio com um governo com o mesmo aprumo na sua coluna vertebral: “A vergonha portuguesa não é a de ser um país incumpridor, é a de ser um país cujos governantes se comportam como o caseiro que acha que é o dono da quinta. Triste destino, o dos que acham que nas costas dos outros não veem as suas.”
E, no «Expresso», o deputado socialista reitera o diagnóstico do (mau) estado a que chegámos neste início de 2015: “constatamos que a economia portuguesa tem exatamente os mesmos problemas que tinha: cresce pouco, até menos do que no passado, e não consegue crescer sem que as importações disparem. Entretanto, o Investimento Estrangeiro, o tal que viria salvar uma economia descapitalizada, tendo em conta as últimas notícias, não parece dar sinais de vida. Este governo limitou-se a destruir e a fazer ajustamentos que, por serem social e economicamente insustentáveis, têm forçosamente de ser conjunturais.”
Resta concluir o dia com outro retrato impiedoso, o de cavaco silva, na perspetiva de Sérgio Figueiredo no «Diário de Notícias»: “Nunca foi corajoso, nunca foi homem de vistas largas, nunca foi além das contas, nunca quis ser mestre porque sempre se conformou no papel de bom aluno. (…) nunca foi claro sobre a política de austeridade interna, porque ia lamentando os custos sociais infligidos pela opção tomada. Nunca foi crítico de tudo nem apologista de nada. Nunca foi brando nem duro. Nunca foi da oposição quando esta pedia ao governo a reestruturação da dívida, mas também nunca foi do governo sempre que este recusava ao BCE um papel mais ativo na gestão da crise económica.
A inveja que sinto por os gregos terem quem têm como governantes e nós, portugueses, ainda nos vermos obrigados a aturar cavaco & Cª por mais uns meses…
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