terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Fanáticos e falsos arrependidos

1. Fanatismo é palavra, que anda na ordem do dia e pelos mais variados motivos. A estupidez dos incuráveis néscios é um deles.  É o que se se passou com os vinte estarolas do partido fascista português, que foram há dias manifestar-se à porta da cadeia de Évora para vituperar José Sócrates e incensar o juiz de instrução que o mandou prender.
O antigo primeiro-ministro já o dissera na entrevista escrita que dera à SIC, mas vale a pena repeti-lo: ficamos bastante esclarecidos, quando os únicos apoiantes mediáticos de carlos alexandre são os folclóricos (pelo menos por ora!) nostálgicos do fascismo. É que os métodos da acusação só têm paralelo com os do tempo da «velha senhora».
2. Menos folclóricos, e infelizmente bem mais inteligentes, são os  candidatos da Frente Nacional, que andam à procura de ampliar o seu espaço político em sucessivas eleições francesas. Desta vez, em Doubs, as contas saíram-lhes furadas com a vitória do candidato socialista, mas a diferença de votos só andou pelas oito centenas de votos num universo de sessenta e seis mil. Ainda assim confirma-se a inflexão da queda contínua dos socialistas nas sondagens, havendo condições para que a anunciada derrota nas próximas legislativas e presidenciais peque por precipitada.
3. Há, igualmente, fanáticos cuja inteligência deveria orientá-los no sentido de uma maior sensatez. Gente letrada disposta a acreditar em patranhas já desmentidas pelos cientistas (que não encontraram qualquer interligação entre vacinação e autismo), anda a pôr a vida dos filhos em perigo eximindo-os de se protegerem. É o que se verifica nos EUA onde grassa uma epidemia com expressão em 14 estados, e capaz de preocupar as autoridades federais, porquanto a doença encontra um ambiente muito mais favorável do que há trinta anos atrás para se revelar letal.
4. Fanáticos também foram, e continuam a ser, os que estiveram na origem da barbárie do resgate  na Grécia e apostam na sua continuidade. Contra eles Tsipras afiança uma firmeza cada vez mais apreciada pela opinião pública internacional. Particularmente, quando diz coisas como: “não vamos negociar a nossa história, o orgulho e a dignidade do nosso povo. Estes são valores sagrados para nós”.
Se há quem aposte no sucesso da teimosia de schäuble & Cª bem pode preparar-se para o reverso das suas ilusões: só os que lembram o patético cavaleiro que só dizia Ni num divertido filme dos Monty Pithon podem imaginar-se vencedores antecipados de uma pugna agora apenas encetada.
5.  Às vezes os fanáticos reconhecem o erro, mas não o admitem em público. Pelo contrário até juram terem dito o contrário do que efetivamente disseram. Foi o que agora aconteceu com vítor bento, a quem, no «Expresso» de hoje, Nicolau Santos se encarrega de recordar quais foram as opiniões em tempos dele ouvidas: “Eu peço muita desculpa a Vítor Bento, mas por mais que ele diga que tudo isto estava nos seus livros e nas suas intervenções anteriores, pois devia estar muito bem escondido e, em qualquer caso, nunca Bento colocou a tónica neles. Pelo contrário, sempre defendeu os processos de ajustamento que estavam a decorrer na Europa e não me lembro que tenha sublinhado que não deviam ser aplicados ao mesmo tempo em vários países. Não me lembro também que ele tenha insistido que o problema europeu resultava da insuficiência da procura interna – porque, se assim fosse, então não deveria ter insistido com tanta veemência na desvalorização salarial.”
Onde se conclui que um fanático, quando iluminado pela verdade, não deixa de ter o descaramento próprio de quem o não deixou de ser...

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