1. Costuma dizer-se que o ridículo pode matar e, de facto, a muito referenciada reportagem de josé rodrigues dos santos em Atenas continua a servir de tal motivo de chacota, que o conhecido locutor não andará muito confortável consigo mesmo nestes últimos dias.
É que a sua história sobre os falsos paralíticos só pode ser considerada uma completa idiotice se nos ativermos minimamente aos factos, que conduziram à bancarrota de 2010. Que é o que faz Miguel Sousa Tavares na última edição semanal do «Expresso»: “Vi como Bruxelas fechou os olhos a tudo, como a Goldman Sachs ajudou o Governo grego a ocultar a situação desastrosa das contas públicas, como a Alemanha, não ignorando o que se passava, vendeu cinco submarinos a um Governo de um país falido, com os bancos alemães a financiarem a compra, e como é que, depois, os 240 mil milhões emprestados pela troika serviram antes de mais, para livrarem a banca alemã do sarilho em que, por simples avidez, se tinha enfiado.”
Por tudo isso o cronista considera fundamental o apoio à Grécia neste seu momento histórico, porque, se merkel for tentada a fazer dela um (mau) “exemplo” para as suas falhadas estratégias políticas, pode ter de se confrontar com quanto Kennedy um dia alertou: “Os que tornam impossível a revolução pacífica tornam inevitável a revolução violenta”.
2. Embora pertençamos ao mesmo partido, tenho uma simpatia muito mitigada por Ana Gomes. Nunca alinhei com ela na admiração por xanana gusmão - que continuo a ver como um oportunista, que conseguiu camuflar a sua natureza intrinsecamente colaboracionista com o invasor indonésio! - nem tão pouco quando, na recente disputa pela liderança do PS, a ouvi dizer cobras e lagartos de António Costa.
Mas devo reconhecer-lhe mérito, quando se tem mostrado tão determinada a seguir a pista do dinheiro dos submarinos comprados por paulo portas. E quando o Ministério Público mostra pouca presteza em identificar os titulares de uma movimentação de 8 milhões de euros para um fundo financeiro nas Bahamas a ponto de ter «perdido» a resposta à carta rogatória para ele enviada e recebida em junho de 2013, só posso agradecer a persistência da deputada europeia.
Pode ser que, desmentindo a acusação de portas quanto á sua natureza de mentirosa compulsiva, ela lhe atire às ventas com a verdadeira identidade do inefável Jacinto Leite Capelo Rego…
3. Bem pode paulo macedo esforçar-se por dar a volta à sua denegrida imagem de destruidor do Serviço Nacional de Saúde, que os indicadores internacionais não mentem: enquanto a média de camas por mil habitantes é de 4,8 na OCDE, em Portugal ele reduziu-as para 3,4.
Não admira, pois, que o caos se tenha instalado em diversos estabelecimentos hospitalares nas últimas semanas. E, comparativamente com outros países da União Europeia esse rácio ainda mais empalidecido fica: 7,7 na Áustria, 8,3 na Alemanha e, até, 4,9 na mal afamada Grécia.
O Balanço Social da Saúde revela que, só nos dois primeiros anos de governo de passos coelho - entre 2011 e 2013 - os hospitais perderam 1277 enfermeiros e 2054 assistentes, que eram essenciais no apoio a quem estava internado.
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