O escândalo em torno da Operação Marquês não conhece limites, já que quem os deveria estabelecer revela-se cúmplice dos infratores. É assim que a notícia da reaferição das medidas de coação sobre José Sócrates e Carlos Santos Silva foi uma mera fantochada já que o juiz e o procurador já tinham dado ao pasquim da Cofina a notícia do prolongamento da prisão preventiva.
Mas, se associarmos esta situação com outra notícia em como o ministério público andará a investigar outros membros dos governos de José Sócrates, conclui-se facilmente aquilo que se tem querido iludir ao longo destes três meses: trata-se de um processo movido por uma estratégia política, que visa, em última instância, impedir a vitória do Partido Socialista nas próximas eleições legislativas.
O que corre mal aos inspiradores dessa conjura é o facto de se estar a afundar inapelavelmente o governo em que depositavam todas as suas esperanças. Não assistíramos a novas investidas do Sindicato dos Juízes a justificar a legitimidade de lhes aumentar as remunerações? E não terão em mente a possibilidade de verem o poder executivo e legislativo procederem a essa urgente reforma estrutural, que corrija definitivamente o facto de ser a (falta de) justiça um dos principais argumentos invocados pelas organizações internacionais para justificar a pouca atração dos investimentos estrangeiros por Portugal?
A Operação Marquês poderá vir a revelar-se a ponta de um perigoso iceberg, que esteve quase a causar sérios danos com a história da pedofilia na Casa Pia. Tal como hoje visavam-se então dirigentes socialistas de topo e procurava-se impedir a sua vitória previsível depois da desastrosa governação de durão barroso.
Já que a metodologia vai-se repetindo, e sempre em torno dos mesmos grupos de pressão, será avisado, que contra eles se tomem as medidas necessárias para que não voltem à expectativa de quererem condicionar a Democracia e os seus princípios fundamentais, entre os quais se destacam o direito à presunção de inocência e o segredo de justiça.
Mas, nem por acaso, saiu agora o relatório da inspeção ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), que tão tristemente se tem celebrizado nos últimos tempos. E o que se conclui sobre tais ”justiceiros” é elucidativo: há nele, segundo o «Público», “uma profunda desorganização no funcionamento daquela estrutura, polícias recrutados por amizade, gastos avultados, uma distribuição dos inquéritos sem qualquer critério e atrasos que chegam aos 10 anos na tramitação dos processos de prevenção de branqueamento de capitais.”
E, mais adiante, a notícia complementa-se com a pouca apetência dos senhores do DCIAP em investigarem os crimes de colarinho branco … embora se tenham mostrado tão acelerados em acusar José Sócrates sem para tal contarem com as devidas provas: “Os inspetores arrasam a prevenção do branqueamento de capitais com proveniência ilícita feita pelo DCIAP (uma atividade que a União Europeia têm vindo a aprofundar no Relatório da inspeção alerta ainda para profunda desorganização no departamento mais especializado do MP âmbito do combate ao terrorismo) constatando que existem atrasos que chegam aos 10 anos na avaliação e tramitação das comunicações bancárias feitas à estrutura de topo do Ministério Público, o que é incompatível com os objetivos destas ações. de acordo com critérios predefinidos que as classificam como suspeitas.”
Sem comentários:
Enviar um comentário