Se escolhermos os três momentos fortes de hoje na rubrica de opinião de José Sócrates na RTP podemos optar por aqueles em que ele:
· considerou que, ao tornarem António Costa o foco principal do seu discurso político, os membros deste governo só lhe estão a fazer um favor, porque acaso tivessem motivos de orgulho na sua “obra” e seriam eles a merecer empolamento. Como é comummente percetível o fracasso de toda a (des)governação destes três anos optam assim por atacar, quase sempre de forma pessoal e não política, aquele que já sentem como primeiro-ministro. No fundo repetem o erro do oponente de António Costa nas recentes primárias do PS que, ao repetir ad nauseum os ataques a ele, o já estava a considerar como vencedor antecipado;
· defendeu o direito de António Costa só apresentar as medidas detalhadas do seu programa de governo, no momento que considerar mais adequado. É que este (des)governo bem gostaria de levar para o debate político as propostas do futuro primeiro-ministro de forma a tentar minimizá-las do que ser confrontado com as suas próprias políticas e os efeitos dramaticamente concretos por elas gerados;
· desmentiu veementemente pires de lima e quem insiste em conotá-lo com a crise na PT. Porque a tão contestada fusão com a Oi foi decidida em 2013 e concretizada em 2014, já muito depois do governo socialista sair de cena. Enquanto esteve em funções a intervenção do executivo de José Sócrates limitara-se a abster-se quanto à tentativa da SONAE em adquirir a empresa mediante uma OPA e em impedir a venda da Vivo pelos valores então inicialmente considerados como aceitáveis e que eram muito abaixo do valor definitivo por que se verificou ulteriormente essa transação.
A concluir o programa, Sócrates ainda endereçou um desafio a passos coelho e aos seus ministros: tendo em conta a capacidade de veto, que o Estado possui como acionista de referência da PT, deverá informar se o irá utilizar para manter a empresa em mãos portuguesas ou se será coerente com as pressões outrora feitas para que acabasse a golden share tudo fazendo para que sejam as “forças no mercado” dela se apossem para melhor a destruírem.
Sempre pressionado pela entrevistadora para concluir o mais rapidamente possível a sua argumentação - que diferença em relação às delongas permitidas nessa mesma altura a marcelo na TVI para emitir as suas próprias opiniões! - José Sócrates aproveitou muito bem o escasso tempo facultado para favorecer António Costa e pôr em xeque o comportamento de passos coelho & Cª.
Sem comentários:
Enviar um comentário