Por muito que a maioria dos comentadores dos jornais diários andem a dar como potencialmente fracassada à partida, a Comissão Parlamentar de Inquérito do caso BES teve logo no primeiro dia um sinal evidente do que poderá vir a comprovar: que a solução encontrada no início de agosto só foi aquela porque o governo não quis. Em vez de sacudir a água do capote como sempre quis fazer crer, o governo quis mesmo evitar uma nacionalização do banco, que poderia ser bem mais eficaz se, ao contrário do ocorrido com o BPN, a decisão fosse para dele fazer uma recomposição total do sistema bancário em Portugal.
Bem podem maria luís albuquerque e passos coelho prometer a ausência de custos para os contribuintes, que já ninguém - nem mesmo os mais ingénuos! - estarão disponíveis para comprar essa ilusão.
A atuação do governo e do governador do Banco de Portugal, - que foi mero executor dela!, - teve por único móbil o preconceito ideológico, que os leva a quererem reduzir a intervenção do Estado ao mínimo em todos os setores de atividade, mesmo sendo eles estratégicos para a afirmação soberana do país.
Numa altura em que o capitalismo vai dando sinais de merecer violenta contestação um pouco por todo o lado, podemos estar a viver o crepúsculo da vocação privatizadora dos governos. Talvez não tarde uma nova fase histórica em que algumas renacionalizações devam fazer todo o sentido. Quanto mais não seja para que o sistema reencontre algum suplemento de alma no forte freio à tendência gananciosa de uns quantos oligarcas!
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