Hoje, na sua coluna de opinião no «Diário de Notícias», Mário Soares considerava que todos os democratas têm de se sentir preocupados com a forma singular como tem decorrido a acusação a José Sócrates. E, de facto, como não ficar preocupado quando o juiz justificou a prisão preventiva pelas três razões, que legalmente a fundamentam: quando há perigo de fuga do suspeito, quando há risco de continuação da atividade e quando há perigo de perturbação do inquérito.
Perigo de fuga não se justificava, porque Sócrates regressara de motu próprio a Portugal mesmo sabendo ao que vinha - pelo menos é o que todos acreditam! - e ninguém o imagina capaz de optar por outra atitude que não seja enfrentar quem o afronta.
Ora, muito oportunamente Miguel Sousa Tavares interrogava-se sobre a violência da decisão tendo em conta que, se Sócrates ficasse em prisão domiciliária e inevitavelmente com o telefone sob escuta, não seria de todo possível haver risco de continuação da atividade de que é acusado, tanto mais que a sua residência fora entretanto passada a pente fino.
O que esteve em causa para a “justiça” foi o medo do «animal feroz» que decerto contra-atacaria com a sua versão do que está em causa.
Encerrado no Estabelecimento Prisional de Évora Sócrates foi intencionalmente calado de forma a que a opinião pública só se veja intoxicada com a continuação das fugas de informação, que a Acusação continuará a passar cirurgicamente para as feliciascabritas do costume. E, quando fazem circular a ideia de ameaçarem Sócrates com quase quatro anos de prisão preventiva, apenas pretendem inculcar a ideia de culpabilidade que duvidam de conseguir comprovar, pois, como já se viu, as provas acumuladas devem ser demasiado frágeis para que se sintam fortes na forma como estão a conduzir o processo.
Como quem vai à guerra dá e leva, ficamos expectantes perante a nova batalha, que se segue, depois desta ter dado à partida uma efémera vitória aos que sempre tentaram destrui-lo!
Manifestamente não adivinham com quem se estão a meter! Porque a preocupação, que hoje sentem os democratas com todos os contornos sombrios deste caso só poderá merecer de um poder político forte, como o que não tardará a existir em Portugal, um sério combate aos abusos sistemáticos cometidos por alguns agentes da justiça, pouco dispostos em exercê-la com a devida irrepreensibilidade!
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