A crónica «Nós por Cá», que Pedro Adão e Silva publicou esta semana no «Expresso» é brilhante na forma como, recorrendo ao livro de memórias de Timothy Geithner, justifica a necessidade de derrubar de uma vez por todas a narrativa da Direita para explicar a crise sob cuja influência os portugueses lhe deram o ensejo de chegar ao poder.
O antigo Secretário do Tesouro de Barack Obama confessou-se perplexo perante a estratégia gizada nas reuniões do Ecofin em 2011 para responder à crise sistémica, que estava então a causar efeitos devastadores nas economias dos países do sul. Para Merkel e Sarkozy o importante era encontrar bodes expiatórios nos governos eleitos e substitui-los por tecnocratas ou lideranças disponíveis para convencer os respetivos cidadãos do que designa como “discurso da culpa”.
Como poderemos esquecer os muitos discursos em que os portugueses eram dados como inveterados despesistas, sempre apostados em viverem acima das suas possibilidades? Ainda não há muito tempo na fila para ser atendido numa repartição das Finanças pude ouvir um pobre diabo, que parecia não ter onde cair morto, a elogiar este governo e a criticar os anteriores, precisamente em nome dessa suposta culpa!
Parecia tão convicto nas idiotices ditas em alta voz, que seria estultícia procurar convencê-lo do contrário! Por isso não havia quem lhe desse troco, nem sequer o confortasse com um olhar de comiseração!
Para Pedro Adão e Silva “o que provoca inquietação é que, passados estes anos, se continue a procurar ocultar o falhanço das políticas para responder a uma crise sistémica com uma leitura moral das suas raízes”. E, sobretudo, que se insista num suposto responsável por tudo isso: José Sócrates!
Quanto faltará para se começar a valorizar devidamente o seu esforço para evitar ao país este transe sofrido durante os últimos três anos?
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