Segredo de polichinelo foi como alguns classificaram a denúncia do Consórcio Internacional para o Jornalismo de Investigação a propósito da batota assumida pelo governo de Juncker no grão-ducado do Luxemburgo para que 340 multinacionais escapassem ao pagamento dos impostos a que deveriam ser sujeitas nos vários países onde operam.
Há muito que se definia o Luxemburgo como um paraíso fiscal, não sendo por acaso que os Espírito Santo aí sedearam uma parte substantiva da sua atividade. E poderemos sempre conjeturar as razões porque o benemérito Alexandre Soares dos Santos anunciou recentemente a transferência da gestão financeira do Pingo Doce da Holanda para a Suíça, outro país europeu igualmente conhecido por práticas similares às do seu vizinho e com a vantagem para os capitalistas de não estar sujeito à vigilância, mesmo que incompetente, dos mecanismos de regulação da União Europeia.
Perante estes exemplos já espanta a paciência com que os contribuintes europeus andam a ver as grandes empresas dos respetivos países a fugirem ao pagamento de impostos, não só onerando os que assim se veem obrigados a pagar em seu lugar, mas ainda tendo a pouca vergonha de virem para os jornais e as televisões proferirem bitaites sobre as suas preferências quanto à governação.
Chegámos a um ponto em que, perdido o pudor, os grandes capitalistas exibem as provas mais repelentes da sua ganância.
Se isso não chega para causar uma dinâmica de indignação global, que trate de lhes dar o devido troco, não se imagina que mais será preciso…
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