A notícia da detenção de José Sócrates quando, esta noite, chegava de Paris e com a SIC “oportunamente” alertada para colher a respetiva reportagem, só pode suscitar duas reações: incredulidade e desconfiança.
Incredulidade, porque nunca houve político mais escrutinado por algumas entidades policiais e judiciais - que sempre deram mostras de terem para com o antigo primeiro-ministro uma animosidade mais que evidente! - e nunca conseguiram provas de algum ilícito.
Desconfiança, porque numa altura em que a direita está em sérios apuros com a história dos vistos gold, uma iniciativa deste tipo só pode dar ensejo a dúvidas quanto a quem e aos motivos que presidiram a quem a decidiu. Sobretudo acontecendo, “por coincidência”, no mesmo dia em que António Costa é consagrado como secretário-geral do Partido Socialista.
Até pela forma como o procurador responsável pela detenção decidiu dar publicidade à sua iniciativa só podemos recordar o sucedido a Paulo Pedroso que, apesar de inocente das acusações tenebrosas de pedofilia, teria o seu futuro político definitivamente comprometido.
Podemo-nos interrogar se existe quem tenta evitar que, a médio/longo prazo, ele seja considerado como um potencial candidato presidenciável!
Depois, e porque verificamos que ninguém foi preso - nem sequer para ser interrogado! - sobre o segredo de polichinelo de que todos falam sobre os negócios com submarinos ou com os tanques para o Exército, podemos suspeitar seriamente de uma parcialidade da Procuradoria-Geral da República a propósito de quem entendem ser suspeito de atos ilícitos.
Não vimos igualmente muitos dos conhecidos amigos de cavaco silva, ligados ao universo BPN - e excetuando o bode expiatório provisório, que foi oliveira e costa! - a serem incomodados pelos juízes apesar do evidente enriquecimento de que deram mostras, e cuja origem nunca se compreendeu.
Há algumas semanas formulávamos o desejo de que a Justiça não se mostrasse zarolha, quando comentávamos a absurda condenação a que Armando Vara foi sujeito. A notícia desta noite voltará a constituir um teste a esse poder, que deverá demonstrar se não estará a cumprir uma agenda própria ou a servir de muleta àquela que os portugueses se preparam para atirar para o caixote do lixo da História.
De qualquer forma, e mesmo que hoje José Sócrates volte a casa sem qualquer acusação, a Procuradoria Geral da República terá conseguido o que muitos pretendiam: calar a opinião semanal dele na RTP!
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