Se tomássemos o lugar de Éolo no panteão dos deuses gregos e recebêssemos de Zeus a incumbência de virar a atenção para o governo de passos coelho, soprando tão forte quanto o possível para o fazermos abanar, bem poderíamos descansar o pai dos deuses quanto á sua legítima preocupação com o sofrido dia-a-dia dos portugueses: os episódios de degenerescência na desgovernação do ainda primeiro-ministro vão-se sucedendo a tal ritmo, que bem pode o Olimpo descansar e dedicar-se às suas orgíacas diversões. É o próprio (des)governo quem se encarrega de conjugar em si um olho de ciclone capaz de o abanar furiosamente.
Não há muitos dias havia quem lembrasse santana lopes e comparasse o caos do seu governo com o do atual. Concluía-se que o executivo liderado pelo efémero sucessor de barroso era coisa de «meninos»! De facto, e tomando apenas como exemplo o acervo de casos dos últimos meses, temos tudo quanto sucedeu na Educação e na Justiça, tudo quanto não se fez no Grupo Espírito Santo e não se quer fazer com a venda da PT, tudo quanto se deixou de fazer quanto ao surto da legionella, tudo quanto se disse e desdisse a respeito do Orçamento Geral do Estado para 2015 e, cereja em cima do bolo!, temos agora o clímax com a corrupção em torno dos vistos gold de paulo portas que, para já resultaram na prisão de altos funcionários tutelados por vários ministérios e na demissão de miguel macedo.
Compreende-se que passos coelho tenha resistido tanto quanto possível à saída do seu ministro da Administração Interna, mas poderia ser de outro modo? O que muitos se espantam é com o facto de nuno crato e paula teixeira da cruz ainda teimarem em ficar semseguirem o exemplo de dignidade oferecido pelo seu ex-colega!
Mas, a menos de um ano de ser corrido pelos eleitores, compreende-se que passos coelho teime em manter esta equipa de ministros até ao fim, porque dificilmente haverá quem esteja disposto a cumprir o frete nestas circunstâncias, à exceção de luís montenegro que, imitando dias loureiro, verá nisso o culminar de uma ambição muito pessoal! (Vamos lá a ver se esta aposta à Zandinga sai certa!)
A saída de um ministro equivale a um valente sopro de Éolo! Por isso mesmo o deus grego achará mais asizado manter-se ocupado com o herói da «Odisseia» que, esse pelo menos, garante-lhe fama eterna nos dicionários de personagens da literatura mundial!
Mesmo que o castelo de cartas ainda consiga dar sinais de se querer reequilibrar, continuará a mostrar-se tão instável nas próximas semanas que, a jogarmos no totoloto a aposta seria para uma tripla quanto à questão de cair a curto, a médio ou a longo prazo, equivalendo esta última hipótese a chegar à data prevista para as próximas legislativas.
A exemplo do anterior secretário-geral do PS, que escolhera para as Primárias a conotação de António Costa com José Sócrates e marcá-las para data tão distante quanto possível, o futuro primeiro-ministro de Portugal já deve ter todo o Olimpo a torcer por ele pelo facto de a Direita repetir a mesma tática sem olhar para no que ela redundou! É que as situações, que vão fulminando passos coelho já não parecem coisa de homens, mas de verdadeiros castigos divinos.
Não será difícil adivinhar já estar reservado um lugar de eleição para o ainda primeiro-ministro e todo o seu executivo na Esfera de Antenora, aquela que no Nono Círculo do Inferno de Dante, cabe aos que traíram a confiança dos seus concidadãos. Para quem lhes prometeu uma terra de leite e mel e lhes proporcionou tanto sofrimento, é castigo bem merecido!
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