Convenhamos que os últimos dias têm sido férteis em situações anedóticas, muito embora a qualidade em si roce o deplorável.
Sobre o singular espetáculo de pires de lima na Assembleia da República já foi peditório para o qual demos contributo em post anterior. No entanto vale a pena constatar ser esse ministro um dos que dá mais sinais de intranquilidade perante a viragem política, que se anuncia. Depois de ter feito uma carreira empresarial de assinalável sucesso terá porventura pensado na possibilidade de chegar ao governo para secundar paulo portas e posicionar-se como seu putativo sucessor a médio prazo. Desconhecendo o que lhe passou pela cabeça podemos sempre conjeturar que ninguém dispensa um ordenado de muitos milhares de euros mensais para ir «servir» o país durante uns anos. Se essa é prática relativamente frequente à esquerda, ainda está por vir o primeiro político de direita, que tenha querido pensar no bem comum em detrimento do seu interesse pessoal...
Agora que está a ruir todo o edifício em que assentou a eventual avaliação de pires de lima para vir a assumir lugar determinante numa eventual recomposição da direita, é natural que o desespero tome nele efeitos perversos. Que andam a tornar-se demasiado notórios nos últimos dias.
Mas também passos coelho anda a querer rivalizar com pires de lima na condição de bobo da atual circunstância. Numa altura em que o desemprego só nos falaciosos números do INE dão motivos para crer numa melhoria do mercado do trabalho - números consistentes atiram aquela realidade para uma dimensão à volta dos 30% dos portugueses - o ainda primeiro-ministro quis trazer Sócrates de volta a propósito da promessa dos 150 mil postos de trabalho, quando a conjuntura era expansionista e ainda estava longe a crise financeira de 2008..
Julgará ele que a generalidade dos portugueses não se recorda quanto na época do anterior governo o emprego era bem mais fácil de encontrar e quão melhor protegidos se encontravam quem se encontrava à sua procura? Será que passos coelho não tem presente que a maioria dos milhares de pais, que viram os filhos a fazerem as malas e a irem trabalhar para o estrangeiro, não ponderavam sequer que essa viesse a ser a única alternativa para que encontrassem solução para a impossibilidade de se realizarem tão só concluídos os cursos para os quais tinham investido tantos sacrifícios?
Assistimos diariamente a uma indecorosa campanha propagandística de ministros e comentadores com eles mancomunados, que se depara com um obstáculo intransponível: o da fria realidade expressa nos mais significativos indicadores económicos e sociais.
Por muito que queiram repetir até à náusea, que terão herdado um país à beira da bancarrota, tais «comediantes» não conseguem iludir a sensação generalizada de terem praticado a estratégia da terra queimada, deixando escombros e ruínas fumegantes para que o próximo governo tenha de dificultosamente reconstruir.
É claro que os bufões das narrativas de sucesso das medidas austeritárias também contam com esse inefável truão, que se chama josé gomes ferreira. Depois de ter apelado aos investidores para que apostassem no BES, que considerava instituição bancária acima de qualquer suspeita, veio agora confessar numa entrevista a ânsia de o convidarem para um projeto político onde dê asas á sua ambição.
Fazemos aqui o fecho do círculo: depois de pires de lima aspirar a tão alto e a mostrar-se agora atarantado com a sua queda abissal, já temos o propagandista da SIC a colocar-se na linha de partida à espera do tiro para nova corrida para os arrivistas da extrema-direita.
Como não é marine le pen quem quer, aí está outro artista disposto a entreter-nos com as suas confrangedoras anedotas...
Sem comentários:
Enviar um comentário