À medida que vai sendo cumprido o calendário de ações desenvolvidas por António Costa para apresentar as grandes linhas programáticas do Partido Socialista para os próximos anos, vão-se detetando reações de nervoso miudinho em muita gente ligada ao governo ou em quem, na comunicação social, lhe tem servido de suporte. Casos há em que alguns desses defensores de passos coelho parecem à beira de um histérico ataque de nervos...
Na noite transata, num debate entre Pedro Adão e Silva e Paulo Baldaia “moderado” por Ana Lourenço, houve um esforço porfiado dos dois últimos para denegrirem o documento apresentado na véspera em Coimbra e que voltou a encher uma vasta plateia para ouvir António Costa.
A apresentadora da SIC Notícias tem-se revelado coerente no esforço de querer transmitir a ideia de não existirem propostas concretas naquilo que o futuro secretário-geral do PS tem enunciado com grande regularidade. Por seu lado o diretor da TSF tudo faz para calar os interlocutores e exigir para ontem as respostas concretas do que serão as medidas do governo socialista a respeito dos impostos ou da dívida soberana.
Perante ambos Pedro Adão e Silva teve dificuldade em explicar-lhes não ser este o momento para apresentação daquilo que António Costa se compromete a só revelar na convenção nacional a realizar na Primavera de 2015, da qual sairá o programa de governo que o PS submeterá às eleições legislativas.
Algum político sensato arriscaria revelar o seu programa de medidas concretas, quando ainda faltam uns dez meses para que as eleições se concretizem? Quem lhe afiançaria que as circunstâncias em que agora com elas se comprometeria seriam as mesmas nessa altura? E, por outro lado, como seria possível garantir a necessária mobilização dos eleitores se eles estivessem vinculados exclusivamente a um conjunto de propostas - mesmo muito credíveis e aliciantes mas só concretizáveis daí a muitos meses!, - que iriam inevitavelmente murchar entretanto na sua verdejante novidade? Tanto mais que os baldaias e as lourenços encontrariam forma de as deturpar, repetindo até à náusea as suas falsas versões.
É claro que ambos adivinham facilmente a razão para que António Costa não lhes satisfaça para já a vontade, mas esforçam-se por passar forçosamente a falsa ideia de se perfilar como primeiro-ministro alguém que qualificariam como não tendo projeto nem ideias para o país. Compreendendo a fragilidade da estratégia de colarem António Costa a uma versão muito negativa dos governos de José Sócrates já vão ensaiando um plano B.
Obviamente que estão condenados a falhar, porque a Agenda para a Década de António Costa atira para as malvas a tese muito do agrado de alguns em como as ideologias estão decrépitas pelo que entre a esquerda e direita nada as distinguirá.
Ora António Costa faz uma separação muito clara entre o que é um projeto de esquerda baseado na defesa do papel do Estado não só como regulador, mas também como alavanca imprescindível para assegurar o desenvolvimento do país e esta direita falida sem outra orientação, que não seja a privatização de tudo quanto ainda possa ser dissociado do setor empresarial do Estado e o ainda maior desequilíbrio entre o capital e o trabalho.
Só a má-fé dos críticos poderá negar a António Costa propostas muito interessantes para infletir o rumo da nossa decadência como orçamentos plurianuais e os novos mecanismos, quer externos, quer internos, de financiamento ao investimento.
Mas a verdadeira pedra-de-toque, que levará a maioria dos eleitores a escolherem o PS em detrimento do PSD ou do CDS será a mudança de 180º no comportamento do governo português perante as instâncias troikeiras, abandonando a pouco proveitosa condição de «bom aluno», batendo-lhes o pé a quanto possa prejudicar seriamente os interesses dos portugueses.
Um povo orgulhoso não pode admitir que o transformem em capacho do que lhe queiram impor além-fronteiras.
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