segunda-feira, 13 de abril de 2020

O ruído emitido por médicos alaranjados


O combate eficiente ao covid 19 em Portugal merece elogios da imprensa internacional pela forma como as autoridades de saúde portuguesas têm lidado com o problema, mas cria indisfarçável nervosismo nos setores das direitas ideológicas, que adivinham os riscos de deixarem o governo socialista colher os frutos da sua inequívoca competência. As sondagens confirmam-no e, sem alternativa, Rui Rio esforça-se por afixar uma máscara de moderação depressa abandonada tão só a oportunidade suscitada por alguns dos seus apaniguados lhe deem ensejo.
Nos últimos dias já vimos autarcas laranja a acusarem o governo de instituírem a lei da rolha a propósito de informações, que desejariam ter, mas só fazem sentido a quem delas fizer uso global ou científico. Quem é o general que, no meio de uma batalha, partilha com os sargentos e os cabos as informações dos seus serviços militares?
Ouvimos provedores das santas casas da misericórdia a exigirem apoios, que deveriam há muito estar previstos pelos seus planos de contingência, provavelmente inexistentes, por sempre se focalizarem nos lucros propiciados pela soma das contribuições das famílias dos que abrigam e dos apoios estatais.
Agora voltamos a ter alguns médicos, manifestamente capitaneados pelos militantes do PSD, que exigem ao governo aquilo que sabem-no incapaz de garantir nesta fase por ser manifesta a sua carência nos mercados internacionais: o uso universal de máscaras de proteção.
Não se estranha que ouçamos esta manhã o Marta Soares dos médicos - esse tal Roque da Cunha, candidato laranja à Câmara da Amadora, que se serve do Sindicato Independente dos Médicos como plataforma de permanente militantismo político antigoverno - a perorar a tal respeito.
Seria desejável que todos dispusessem desse equipamento de proteção? Provavelmente sim.
É exequível cumprir esse desejo, quando se conhecem as inqualificáveis tentativas norte-americanas em desviar para o seu território as encomendas feitas atempadamente por outros países, inflacionando os preços na origem? Não.
Têm bastado as medidas orientadoras da Direção Geral da Saúde, e cumpridas por quase todos os portugueses, para reduzir a progressão da doença a 3 ou 4% por dia e com limitado número de mortos comparativamente a quase todos os países ocidentais? Sim!
Pode-se constatar que o sentido de responsabilidade, decididamente neles inexistente, exigiria de Roque da Cunha e do seu comparsa bastonário, um recato, que os poupasse à demonstração pública da sua falta de escrúpulos. Sobretudo quando nesta circunstância difícil para a maioria da população, as suas provocações não passam de mero ruído.

Sem comentários:

Enviar um comentário