Há uns trinta e muitos anos a televisão pública nacional achou que os portugueses tratavam barbaramente os animais domésticos e lançaram uma campanha que tinha por mote o slogan «os animais nossos amigos».
Recordei-me de tal iniciativa publicitária a propósito da que Marcelo empreendeu em proveito dos banqueiros. Como já se previa veio dar conta de, concluído o encontro virtual com os mais representativos do país, nada trazer de substantivo a anunciar quanto ao que as empresas e os clientes comuns passariam a beneficiar, mas considerando ter captado dos cinco interlocutores aquilo que os Beach Boys em tempos cantaram como good vibrations.
Para nós, os filiados na escola dos cínicos, versão Diógenes, não escapa o verdadeiro alcance do gesto: se até Rui Rio se aprestava a apedrejar os banqueiros gananciosos se se atrevessem a acabar os seus exercícios anuais com lucro o que se poderia esperar dos partidos mais à esquerda? Melhor valia prevenir, terá pensado Marcelo que, fiado na popularidade das sondagens, intenta conter a indignação pública no momento em que essa propensão dos banqueiros para só pensarem nos lucros vier, uma vez mais, a confirmar-se.
Não é certo que seja particularmente bem sucedido: os portugueses já estão mais do que fartos do feitio dessa gente que, quais escorpiões, não conseguem iludir a sua natureza visceralmente predadora.
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