quinta-feira, 16 de abril de 2020

O choro inconformado dos nossos atlantistas


Uma entrevista televisiva a Nuno Severiano Teixeira revela quão descoroçoados andam os nossos atlantistas com as diatribes trumpianas, que os deixam inconsoláveis por virarem do avesso a sua vocação de submissos vassalos do imperialismo norte-americano. Agora foi ver aquele antigo ministro de um governo socialista a carpir as mágoas por ver os chineses aproveitarem o vazio deixado pelos rivais ocupando-o habilidosamente na cena política internacional.
Por muito que dê tratos à memória não me lembro de nenhuma ocasião subsequente à ocupação do Tibete em que os chineses tenham agredido militarmente ou invadido algum país. Quer com Hong Kong, quer com Taiwan têm demonstrado uma contenção, que a pertença histórica de tais territórios ao seu antigo império poderia justificar noutra atitude. Quanto aos norte-americanos o rol de invasões, promoção de golpes de estado, sabotagens, imposição de bloqueios económicos e outras estratégias agressivas revelar-se-ia interminável nos últimos setenta anos. Daí que não me reveja em nada nessa subserviência dos atlantistas e muito menos me agrada ter um deles como ministro dos negócios estrangeiros.
O que me espanta é a aparente candura de Severiano Teixeira quando formula a expectativa de ver um novo inquilino na Casa Branca e tudo voltar ao normal, ou seja a políticas de agressão de outros povos com a colaboração submissa de líderes europeus, mesmo que a coberto de falsas intenções quanto a ajudar à democratização de países não conformes com os interesses económicos e financeiros ocidentais. E por muito que deseje a substituição de Trump por Biden (um covid 19 sempre será melhor do que um ébola!) não tenho ilusões quanto ao que isso significará. É que, se nunca entenderei porque deram o Nobel da Literatura a Bob Dylan, muito menos considerarei ajustado o da Paz a um falcão como Barack Obama foi, que nunca se desviou dos intentos planeados desde sempre pelo Pentágono para assegurar a supremacia mundial como potência que em tudo manda. A forma sinistra como quis capturar Edward Snowden demonstra-o à saciedade.
Por muito que desagrade aos atlantistas do meu partido e dos que se acoitam nos das direitas, o anti-imperialismo continua a fazer todo o sentido nesta primeiro quartel do século XXI!

Sem comentários:

Enviar um comentário