quarta-feira, 15 de abril de 2020

Os sonhos de quem não se conforma com a sua condição minoritária


Nas redes sociais não faltam ingénuos elogios à carta enviada por Rui Rio aos militantes do PSD instando-os a portarem-se «patrioticamente» neste momento difícil na vida dos portugueses, escusando-se a criticarem as políticas governamentais.
Até lhe poderíamos dar o benefício da dúvida se não lhe recordássemos muitos comportamentos autocráticos e de lesa cultura enquanto foi presidente da câmara do Porto ou, sobretudo, se tivéssemos memória curta em relação ao ignóbil aproveitamento por ele feito há pouco mais de meio ano, quando utilizou oportunisticamente o caso Tancos depois de afiançar não o fazer, só por lhe parecer propícia a oportunidade de pôr em causa a integridade de quem governa. Daí que nos questionemos com fundamento quanto à sinceridade do seu propósito, a que aliás os autarcas e bastonários do seu partido fazem orelhas moucas. Porventura por saberem bem demais o que se esconde por trás da hipocrisia da sua pública solicitação. Questionemo-nos, aliás, quanto à razão de publicitar um documento destinado apenas aos seus militantes!
Numa altura em que uma expressiva maioria dos portugueses manifesta agrado com a resposta governamental à crise causada pelo covid 19, Rio segue o provérbio popular “se não podes com eles, junta-te a eles”. Porventura esperançado que uma luzinha ao fundo do túnel se abra para a esdrúxula ideia de Martim Silva debitada nas páginas do «Expresso», quanto à imediata tomada de posse de Rio como vice-primeiro-ministro de um governo de bloco central.
Azar de ambos: os sonhos molhados que possam alimentar esbarram com a vontade dos eleitores, que preferem convergências à esquerda do que alianças espúrias à direita.

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