O que será a nova normalidade? Não faltam especialistas a pronunciarem-se sobre o que virá a ser a realidade pós-covid 19. Basta ler a imprensa de hoje para encontrar quem aventa a possibilidade de crescerem os sentimentos humanistas, o Estado passar a predominar sobre os lucrativos interesses privados ou até chegar-se ao ponto dos cinco paraísos fiscais dentro da União Europeia - Países Baixos, Irlanda, Luxemburgo, Malta e Chipre - verem-se por isso sancionados. Há quem analise os tempos atuais e me lembre aquele professor da Escola Náutica em 1974 - um capitão de mar e guerra cujo nome esqueci! - que predizia aos seus alunos (entre os quais me encontrava!) o quão «encantador» seria o futuro próximo por se reconhecer enfim valor a quem mostraria mérito para tal. Nunca mais o voltei a ver depois disso, mas a permanência do sr. Cunha e do nepotismo nunca foi posta em causa na nossa realidade democrática.
Em contraponto encontramos exemplos da persistência de odiosa malvadez nos que sempre pensarão em si próprios em detrimento do bem coletivo. No «Público» lê-se sobre a indizível tristeza daquela funcionária de um lar da terceira idade em Santo Tirso, que chegou a casa e viu vedada a entrada pelo marido e pela filha, mais preocupados com a possibilidade de ser foco de contaminação do vírus do que em acarinha-la pelas horas difíceis vividas no emprego de cuidar quem mais precisa. Em lágrimas terá voltado ao lar em causa, seu único ponto de abrigo numa emergência, que também é de sentimentos humanos dentro da família.
E há o aproveitamento repulsivo dos defensores do aldrabão, que se acoita na extrema.direita da Assembleia da República: chegou-me um mail de quem considera inaceitável que as autoridades sanitárias tenham-se preocupado em testar os migrantes acolhidos em diversas pensões lisboetas enquanto aguardam decisão sobre a aceitação ou não do seu pedido de asilo. E contrapõem com o facto de se tratar de algo sem sentido quando ainda sobram tantos utentes de lares oficiais e clandestinos por analisar. Como se mais adequado fosse deixar esses migrantes contraírem o vírus e, preferencialmente, a ele sucumbirem. Ou seja o racismo xenófobo em todo o seu esplendor! Com a adenda de bem imaginarmos o que diriam se não se tivesse avançado com essa medida: em vez de criticarem o “desperdício” de testes, criticariam o não serem feitos para salvaguardarem a generalidade da população. Em suma, a desonestidade própria de inescrupulosos impostores...
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