Já muito depois dos demais partidos da oposição terem reagido ao inqualificável discurso de passos coelho no Algarve lá ouvimos a reação de António José Seguro. Como sempre vigora nele a lógica do «qual é a pressa?», deixando que sucessivos serviços noticiosos televisivos repitam até à exaustão os ataques contra os pensionistas, o Tribunal Constitucional e o próprio Partido Socialista sem ouvir deste o contraditório que se exigiria. Depois de tantos telejornais a repetir o guião do governo, a reação socialista acabará assim reduzida a uma tomada de posição demasiado tardia para ser consequente
O que gostaríamos de ter ouvido de imediato, seria uma reação tão agressiva como a que ele tem demonstrado para com António Costa. Por isso deveria condenar, sem poupar nas palavras, as indignas afirmações de passos coelho, nomeadamente quando proferiu esta frase com que os visados só podem ter sentido justificada indignação: “Os pensionistas deste país não merecem que todos os anos se esteja a tentar fazer o que os outros não consentem que se faça”,
Gostaríamos que Seguro tivesse lembrado que a reforma na Segurança Social já foi concebida e implementada no governo Sócrates pelo ministério de Vieira da Silva. Na altura ela foi muito elogiada a nível europeu urgindo apenas prosseguir nos seus pressupostos..
Teríamos igualmente apreciado que Seguro rechaçasse a torpe insinuação de passos coelho lembrando como o PSD sempre tomou conta da banca pública e teve dirigentes contratados pelos bancos privados ou deles provenientes, só reagindo como se de virgem escandalizada quando alguns socialistas (Vitorino, Vara) eram convidados para essa suposta coutada laranja. E não toleraria comparações entre BPN (um feudo cavaquista, que nunca é de mais lembrar!) e o BES, tendo em conta os mecanismos entretanto aprovados pelo Eurogrupo para soluções de resolução dos problemas semelhantes aos do primeiro desses casos.
Mas seria pedir demais a Seguro. Ele continua igual a si mesmo e, por isso, até aceita implicitamente “reformar” a Segurança Social ao gosto da direita depois das próximas legislativas e com muitos estudos de permeio. Ou seja, Seguro não enjeitou fazer o trabalho sujo, que passos coelho lhe encomendou em forma de desafio, mas só mediante os tais estudos sempre contratados aos suspeitos do costume - essas empresas de consultoria quase sempre alinhadas com os interesses dessa mesma direita.
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