O que temos visto em Ferguson, no Missouri, é um bom exemplo da luta de classes numa sociedade que tudo tem feito para a tentar escamotear. De facto são múltiplas as vozes a considerarem como demasiado apressada uma ligação direta de causa-efeito entre a morte do jovem Brown e os violentos motins, que têm durado desde então.
Esse incidente apenas foi o rastilho de causas bem mais profundas, que têm a ver com a pobreza, o desemprego e a segregação racial, e por isso espalhadas um pouco por todo o território dos States.
Num país onde existe uma tão gritante desigualdade na distribuição dos rendimentos é normal, que haja quem veja no motim a única arma de que dispõe como forma de manifestar a sua frustração.
E então se a polícia se comporta como se fosse um exército militar de ocupação, vestindo uniformes semelhantes aos das tropas envolvidas em zonas de guerra, está a criar as condições para ser vista como um inimigo sobre o qual é legítimo responder à violência com idêntica determinação.
O que está a acontecer em Ferguson é o prenúncio de muitas outras situações, que ameaçam deflagrar, depois de a América ter passado de «terra das grandes oportunidades» para a dos mais terríveis pesadelos.
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