terça-feira, 12 de agosto de 2014

Para que não ocorra a “tempestade perfeita”!

Na apresentação da moção com que concorrerá às Primárias no PS, António Costa deu particular destaque às políticas destinadas à criação de emprego para os mais jovens. E elas justificam-se de facto, quando é o próprio INE a confirmar a perda de meio milhão de jovens residentes na última década.
Por muito que passos coelho tenha vindo a carpir-se há poucas semanas pela quebra da natalidade em Portugal, estes últimos três anos ficarão doravante registados como o exemplo negativo do que uma governação cega apenas orientada para objetivos financeiros pode causar na pirâmide etária de um país, transformando-a a ponto de dar consistência à desastrosa expetativa de assistirmos a uma “tempestade perfeita” constituída pela conjunção de catástrofes sociais, económicas e políticas.
De acordo com esses indicadores nunca a faixa etária entre os 15 e os 29 anos esteve percentualmente tão pouco representada no conjunto da população portuguesa: 17%.
Se o aumento da esperança de vida explica a progressão da percentagem da população idosa, a verdade é que o “convite” aos jovens para “saírem da sua zona de conforto” e irem buscar sustento fora das nossas fronteiras contribuiu em muito para o agravamento dessa tendência já que, só em 2012, foram 53 mil os que seguiram esse conselho.
O governo de passos coelho ainda agravou essa tendência com a precarização do trabalho mediante a revisão da legislação laboral e a desvalorização da contratação coletiva, que não suscitou a prometida criação de novos empregos e só desestimulou os jovens casais a apostarem no investimento de alto risco de terem filhos.
Essa geração representa hoje 32% dos desempregados e, mesmo quando consegue quem lhes dê emprego é para auferirem menos 23,2% do que os seus colegas mais velhos.
O artigo de Samuel Silva inserido na edição de hoje do «Público» alusivo a estes dados mostra sem estranheza como um quarto da população entre 16 e 24 anos encontra-se em risco de pobreza: cerca de 25,6% dos jovens desta faixa etária residiam em agregados familiares com um rendimento abaixo do limiar de pobreza.
Não admira, pois, que a alternativa hoje apresentada na sede do Largo do Rato aponte as políticas orientadas para a criação de emprego dos mais jovens como uma das principais prioridades. É que só os fanáticos da austeridade ainda não perceberam o falhanço das suas soluções.
Só do crescimento sustentado da economia poderá conseguir-se infletir o ciclo de pobreza para que foram arrastados os portugueses durante o período em que serviram de cobaias para a experimentação político-económica ensaiada por alguns dos principais responsáveis pela orientação da Comissão Europeia nos últimos anos.


Sem comentários:

Enviar um comentário