segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Os abutres sobrevoam Lisboa

A herança deixada pelo (des)governo de passos coelho será um desafio muito exigente para o que lhe sucederá. Por isso mesmo, em vez de um primeiro-ministro fraco e contraditório como António José Seguro sempre tem revelado ser, Portugal necessita da firmeza, competência e capacidade de diálogo de António Costa. Seria terrível que, perante tanto a fazer, o país ficasse entregue à “liderança” (?) de um político sem ideias, sem estratégia e sempre apostado em deixar para amanhã o que será urgente tratar ontem (o tal carácter do «qual é a pressa»?)
Hoje ficou-se a saber que para além da tarefa complicada de conseguir apoios significativos a nível europeu para impor uma leitura mais flexível do Tratado Orçamental, o futuro governo deverá ter de enfrentar com determinação os fundos de investimento a que os argentinos classificaram de «abutres» por estarem a querer precipitar o país das pampas numa nova bancarrota. De facto, o «Público» traz a notícia das movimentação da Elliott Management, do multimilionário Paul Singer - precisamente o fundo que andou a comprar por tuta e meia a dívida soberana do regime de Buenos Aires e conseguiu que um juiz norte-americano aprovasse o  “direito” a recebê-la pelo valor maximizado (que lhe garante lucros de mais de 1600%) sem atender ao acordado na respetiva renegociação - junto das empresas de advogados de Lisboa para apoiar o seu “interesse” nos títulos da dívida das empresas do antigo grupo Espírito Santo.
A estratégia será a mesma: levar alguns acionistas e credores do GES a optarem por receber uma pequena parte do que julgariam ter direito (mas sempre melhor do que a expectativa de nada virem a obter!)  e conseguirem judicialmente que essa totalidade lhes seja reconhecida por outros tribunais «amigos».
E à falta de ativos com que o BES “mau” cumpra essas eventuais decisões judiciais, a conta seria apresentada aos mesmos do costume: os tais contribuintes, que maria luís albuquerque afiançou nada virem a temer.
Mas, como então, ela já não estará no governo, que lhe importa agora que as contas sejam apresentadas a outros?


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