É paradigmático como os mercenários, que andam nas redes sociais a coberto de identidades falsas, não procurem sequer negar aquilo que a jornalista Cristina Figueiredo do «Expresso» identificou claramente como referências a António José Seguro quando, na entrevista desta semana, António Costa lembrou que:
· “Há pessoas que fazem a sua vida política toda fugindo de eleições, nunca perdendo mas também nunca ganhando”. Quando acusa Costa de só ter vindo a jogo nesta altura, Seguro nunca explicou porque andou a intrigar e a explicitar o seu desacordo com José Sócrates e nunca contra ele concorreu apesar de sabermos (vide a biografia do antigo primeiro-ministro por Eduarda Maio)como, desde a juventude, o considerou o seu grande rival. E, no entanto, aproveitou esses anos para percorrer as secções de norte a sul para multiplicar cumprimentos e abraços, convencido de que a função de secretário-geral teria muito mais a ver com a pose de relações públicas do que com a de um estratega visionário capaz de encabeçar políticas ousadas e orientadas para o progresso dos cidadãos. Infelizmente, após as eleições legislativas de 2011, os socialistas estavam suficientemente atordoados com a vinda da troika para se terem deixado cair em tal logro.
· “Há pessoas que vivem os processos democráticos com uma enorme crispação, porque acham que isso resolve toda a sua vida. E que nunca aceitam desafios difíceis e fazem toda a sua vida procurando não deixar marca, nem como deputados nem como ministros ou secretários de Estado. Andam anos na política e ninguém se lembra de nada que tenham feito.” E, de facto, os seguristas bem tentam multiplicar améns sobre a honestidade do seu guru sem nunca conseguirem invocar uma única conquista que os portugueses tenham conseguido a propósito da sua ação política ou, pelo menos, um sucesso curricular, que atestasse o seu valor;
· “Não estive estes três anos na sexta fila da bancada parlamentar a aguardar pela minha hora, a fazer planos para a minha vida, a comprar votos ou a ressuscitar mortos para poderem votar, como outros fizeram.” E, apesar dos factos extremamente graves constatados com os cadernos eleitorais ou o pagamento de quotas em Coimbra ou em Braga respetivamente, os seguristas fazem como se eles não existissem, porque sabem ser essa a sua cultura: a da chapelada, a da fraude como forma de procurarem vencer.
“Não sei porque se lembrou dele” é, em definitivo, a frase da semana, no que tem de inteligência sibilina a propósito de quem, pelo contrário, só vem revelando uma lamentável infantilidade na forma como procura desqualificar o seu concorrente às Primárias.
Mas a entrevista ainda deveria merecer dos seguristas outras reflexões pertinentes como a de explicarem como foi possível ao Partido Socialista ter 52% nas autárquicas em Lisboa e só 32% nas europeias.
A esse respeito não podem sequer invocar que António Costa já se declarara disponível para ser a solução desejada pelos socialistas e pelos portugueses. Da mesma forma como não podem explicar como, entre essas mesmas autárquicas e as europeias o PS tenha perdido 4% de votos quedando-se nos 31% donde não tem progredido desde então.
Trata-se de uma das grandes mentiras de Seguro - e nem sequer a mais grave - a tese de um PS que estava a abeirar-se da maioria absoluta e terá sido António Costa a inviabilizar essa tendência. Os números provam o contrário, o que faz de Seguro um caso muito sério de quem tem problemas com as verdades mais óbvias.
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